O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação brasileira fechou o ano de 2022 próxima de 6%, sendo menor que no ano anterior (10,06%), mas ainda acima da meta do governo.
Importante destacar que, o governo tinha o centro da meta em 3,5% para 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima (5%) ou para baixo (2%). Contudo, a inflação atingiu 5,79% no final do ano. Assim, este foi o quarto ano consecutivo onde a inflação superou a meta projetada.
Inflação e explicações do Banco Central
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, publicou carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando o que levou a inflação a ultrapassar os limites da faixa de tolerância estipulada pela autoridade monetária.
Na carta explicativa sobre o descumprimento de sua missão determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), Campos Neto citou as preocupações do Comitê de Política Monetária (Copom) com questões fiscais, deixando subentendido os temores do mercado à espera da reformulação do quadro fiscal prometido por Haddad.
Além disso, apontou o aumento dos preços das commodities, os gargalos nas cadeias produtivas globais, impactadas pela guerra na Ucrânia e os resquícios da pandemia, e a inércia dos ajustes de anos anteriores como os principais fatores que contribuem para a pressão de preços em 2022.
Por fim, mencionou desequilíbrios de oferta e demanda, choques de preços de alimentos e pressões sobre a recuperação de serviços e emprego, sustentado por condições financeiras apertadas e crescimento econômico estagnado.
Selic pode voltar a subir
Na carta de 20 páginas, o presidente do Banco Central mencionou sobre a taxa básica da economia (Selic), comentando sobre uma possível alta “caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.
É importante ressaltar que o apontamento de Campos Neto sobre um possível aumento da taxa Selic contraria a opinião do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que já havia dito que os juros brasileiros estão em níveis inadequados.
Segundo Haddad, o Brasil vive hoje o paradoxo de ter uma inflação menor que a dos Estados Unidos e países europeus e ter os juros reais mais altos do mundo.
Planejamento das metas de inflação
Campos Neto observou que o BC tem tomado as medidas necessárias para garantir que a inflação cumpra as metas de inflação estabelecidas pelo CMN, sendo de 3,25% em 2023 e 3% em 2024 e 2025, mas reconheceu que o centro da meta só pode ser alcançado em 2024.
Na carta, o presidente do Banco Central destacou: “De acordo com o Comunicado e a Ata da sua reunião mais recente, o Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, acrescentou.
Como resultado, a previsão da inflação em 2023 é de 5%, acima do limite superior da meta de 4,75%. Em suma, Roberto Campos Neto salientou que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados.