Aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda preocupa governo. Entenda
Presidente Lula anunciou recentemente um aumento na faixa de isenção do Imposto de renda. Mas decisão preocupa equipe econômica
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou o aumento na faixa de isenção do Imposto de Renda no país. A partir de 2024, todas as pessoas que ganham até dois salários mínimos, ou seja, R$ 2.864, não mais precisarão se preocupar com este tipo de tributo este ano.
A informação foi celebrada por milhões de trabalhadores de todas as regiões. Até o ano passado, a faixa de isenção compreendia apenas os trabalhadores que recebiam até R$ 2.640, ou seja, dois salários mínimos considerando o piso do ano passado.
Nas contas do Ministério da Fazenda, o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda deverá beneficiar nada menos do que 15,8 milhões de brasileiros.
Mas o fato é que nem todo mundo gostou da ideia. De acordo com informações de bastidores, representantes da equipe econômica do próprio governo federal estão preocupados com a manobra.
Rombo na isenção do Imposto de Renda
Em entrevista nesta terça-feira (26), o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, disse que o governo federal vai precisar compensar o aumento na isenção do Imposto de Renda. A lógica é simples: se o governo está abrindo mão de parte da arrecadação nesta frente, vai ter que encontrar o montante em outro lugar.
“Tem medidas que não foram compensadas. E estão tendo impacto, a gente ainda está buscando. Fizemos a segunda correção da tabela neste governo, e a primeira vez desde 2017. Estamos resgatando a correção da tabela do IR, junto com a correção real do salário mínimo. Isso tem um custo né, o custo é de mais R$ 3 bilhões”, declarou Barreirinhas, da Receita Federal.
“Tem muita coisa aqui que está pesando sim. A gente está atento a isso. Temos de ver um debate aqui para medidas compensatórias em relação a isso. A situação não está boa mesmo neste momento. A gente manteve as rédeas aqui, mas estamos atentos a esses números que estão no nosso radar. A gente tem bastante coisa ainda sim a compensar”, declarou o secretário.
Reforma
Quem estava esperando por uma reforma na cobrança do Imposto de Renda do país, vai ter que esperar um pouco mais. Em entrevista recente, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, confirmou que o governo federal vai adiar as discussões em torno do tema.
Segundo Costa, a ideia do governo federal é enviar a proposta de reforma do Imposto de Renda apenas depois que o congresso nacional terminar de regulamentar a Reforma Tributária. Assim, os dois assuntos não se misturariam, e o poder executivo poderia evitar uma confusão legislativa.
“Não tem uma só regulamentação [da reforma tributária]. Tem vários itens. A iniciativa do texto é do Ministério da Fazenda, que obviamente vai colher a opinião dos ministérios sobre as quais aquela regulamentação fala. Assim que chegar, passa pela Casa Civil, é assinada e enviada”, afirmou Rui Costa.
“Primeiro vamos mandar as medidas complementares da reforma tributária. Posteriormente, a reforma da renda. Isso será feito em seguida”, complementou.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) também falou sobre o tema recentemente.
“Ao longo dos meses vamos continuar encaminhando para o Congresso Nacional as leis que se referem à renda e à folha [de pagamento], não dá para ter uma lei só, é muito complexo, é muita coisa pra ser disciplinada”, explicou Haddad a jornalistas.
Imposto de Renda
Neste ano de 2024, o processo de declaração do Imposto de Renda vai ocorrer entre os dias 15 de março e 31 de maio. Assim como nos anteriores, o contribuinte poderá optar pela declaração pré-preenchida.
Durante a campanha presidencial de 2022, o presidente Lula prometeu que elevaria a isenção do imposto de renda para R$ 5 mil até o final do seu mandato.