Durante o encontro do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a falar com jornalistas sobre a situação do reajuste para os servidores. De acordo com o chefe da pasta econômica do país, não é possível pagar um aumento de mais de 5% para os trabalhadores federais.
“O presidente gostaria de dar aumento aos policiais mas não pode, é visto como aliciamento”, disse o Ministro refutando o próprio presidente Jair Bolsonaro (PL), que sinalizou mais uma vez que pode dar o reajuste apenas para as forças de segurança. A sinalização gerou incômodo entre os servidores de outras áreas.
“Você pode até dar alguma coisa, mas esquece o que ficou para trás. Você acha que na Alemanha, nos Estados Unidos… perdas acontecem. Todo mundo perdeu no mundo inteiro. Daqui para frente é preciso manter? A inflação acumulada neste ano é de 5% até agora. É possível repor o funcionalismo deste ano? Sim, é possível, até 5% dá. E por lei, em ano eleitoral você só pode dar até a inflação e linear”, completou o Ministro.
Algumas categorias trabalhistas que estavam em greve já aceitaram o cenário apresentado por Guedes. Foi o caso, por exemplo, dos servidores que trabalham no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Eles decidiram voltar ao trabalho logo depois de uma paralisação que durou mais de dois meses.
Outras greves
No entanto, outras categorias seguem paralisadas. Nesta terça-feira (24), por exemplo, os servidores do Banco Central (BC) decidiram manter o movimento grevista por tempo indeterminado. Eles não concordaram com um aumento linear de 5% para todos os servidores e pedem também melhorias nas condições de trabalho.
Além deles, servidores do Tesouro Nacional também iniciaram o movimento grevista da categoria nesta semana. Na próxima segunda-feira (30), os trabalhadores da Controladoria Geral da União (CGU) também iniciam o processo de paralisação . Todos pedem um reajuste maior do que este de 5% sinalizado por Guedes.
Entenda a história
No final do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou pela primeira vez que poderia pagar um reajuste salarial apenas para os policiais federais. A sinalização gerou revolta de servidores de outras áreas, que também pediram o aumento.
Diante da negativa do Governo Federal, as demais categorias começaram o processo de greve e de paradas momentâneas. As paralisações não foram uniformes, ou seja, cada uma seguiu a sua própria lógica.
Nesse sentido, alguns trabalhadores estão entrando em greve e outros já estão saindo. O Governo Federal tenta monitorar todas as situações para evitar que as paralisações gerem ainda mais problemas nos próximos dias.
Problemas
De um modo geral, as paralisações dos servidores públicos já gerou uma série de problemas para algumas pessoas. A greve dos servidores do INSS, por exemplo, fez a fila de espera para os benefícios sociais aumentar.
Neste momento, a estimativa do próprio INSS é de que mais de 2 milhões de pessoas aguardam pela concessão de algum benefício da autarquia. O tempo de espera para uma resposta inicial é de 80 dias em média, ou seja, quase três meses.
A paralisação dos servidores do BC também trouxe alguns transtornos. A instituição teve que adiar a segunda etapa da consulta do Sistema de Valores a Receber (SVR). Além disso, há uma preocupação em relação ao funcionamento do Pix.