Na tarde da última quarta-feira (24), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, determinou a instauração de uma investigação contra o assessor da Presidência Filipe Martins.
Durante uma sessão no Senado, o assessor internacional de Jair Bolsonaro teria feito um gesto que foi considerado inapropriado ou associado a supremacistas brancos.
No momento em que Pacheco discursava, as câmeras da TV Senado flagraram Filipe Martins fazendo um gesto com as mãos que pode remeter ao símbolo “WP”.
Essa referência ao lema “White Power” (supremacia branca), se assemelha a um simples “ok”, mas é classificado internacionalmente como uma expressão da supremacia branca.
Em março de 2019, um homem acusado de matar mais de cinquenta pessoas em mesquitas na Nova Zelândia, fez o mesmo gesto durante o seu julgamento.
Líder da oposição se revolta
O senador Randolfe Rodrigues, que participava da sessão na casa legislativa, pediu a retirada imediata de Filipe Martins das dependências do Senado e sugeriu que ele fosse autuado pela Polícia Legislativa:
“Solicito, requeiro, na condição de líder da oposição, que ele seja retirado do Senado Federal e, inclusive, autuado pela Polícia Legislativa. Isso é inaceitável. Basta o desrespeito que este governo está tendo com 300 mil mortes. Basta isso. Não aceitamos que um capacho do senhor presidente da República venha aqui, ao Senado, nos desrespeitar”, esbravejou o senador.
Em resposta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, determinou a instauração do procedimento de investigação contra o assessor.
Filipe Martins nega as acusações
Com a grande repercussão do gesto nas redes sociais, o assessor minimizou as acusações e afirmou que estava apenas “ajeitando a lapela do terno” através do seu Twitter oficial:
“Um aviso aos palhaços que desejam emplacar a tese de que eu, um judeu, sou simpático ao “supremacismo branco” porque em suas mentes doentias enxergaram um gesto autoritário numa imagem que me mostra ajeitando a lapela do meu terno: serão processados e responsabilizados um a um.”
Filipe Martins qualificou a repercussão do caso como um “retrato da degradação moral da nossa imprensa”.
Museu do Holocausto se posiciona
Através de uma dura nota de repúdio, o Museu do Holocausto em Curitiba se manifestou nas redes sociais contra o gesto símbolo de extremistas:
“Estupefatos, tomamos notícia do gesto do assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República durante sessão no Senado Federal. Semelhante ao sinal conhecido como OK, mas com 3 dedos retos em forma de “W”, o gesto transformou-se em um símbolo de ódio”, postou a organização ao longo de uma série de tweets.
Com o compartilhamento de imagens e vídeos do momento em que Filipe Martins teria feito o gesto ofensivo, o museu que é referência na luta contra o ódio, a intolerância, o racismo e o preconceito, concluiu:
“É estarrecedor que não haja uma semana que o Museu do Holocausto de Curitiba não tenha que denunciar, reprovar ou repudiar um discurso antissemita, um símbolo nazista ou ato supremacista. No Brasil, em pleno 2021. São atos que ultrapassam qualquer limite de liberdade de expressão”.