A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recentemente emitiu uma proibição sobre o uso de melatonina em crianças. Este artigo examinará os perigos associados ao uso deste hormônio em crianças.
O que é melatonina?
A melatonina é um hormônio naturalmente produzido pelo corpo humano que controla o nosso ciclo de sono e vigília. Ela é produzida pela glândula pineal, localizada no cérebro, e é liberada em resposta à escuridão, auxiliando no preparo do corpo para o sono.
O porquê da proibição da Anvisa
Conforme mencionado acima, o uso de melatonina em crianças foi proibido pela Anvisa. Isso ocorreu devido à preocupação com a segurança e os efeitos a longo prazo do uso deste hormônio em crianças.
De acordo com Gustavo Moreira, presidente do Departamento de Medicina do Sono da Sociedade Brasileira de Pediatria:
“As pessoas pensam que a melatonina, que é um hormônio, não faz nada, mas ninguém sai tomando hormônio assim sem regulamentação médica. Ninguém toma hormônio para tireoide sem acompanhamento médico, por que a melatonina vai tomar?”
Perigos da melatonina
Existem várias preocupações quando se trata do uso de melatonina em crianças. Um estudo publicado pelo Instituto Médico Legal da Carolina do Norte revelou um padrão alarmante de sete casos de morte súbita em lactentes, crianças com idades entre 1 e 3 anos.
Em uma descoberta preocupante, cinco desses sete casos apresentaram níveis de melatonina que estavam de dez a 100 vezes acima dos valores considerados normais.
O papel da melatonina no sono das crianças
Até os cinco anos de vida, ocorre uma significativa transformação no padrão de sono das crianças, um fenômeno conhecido como maturação do sono.
Problemas relacionados ao sono durante esse período podem desencadear condições como infecções de ouvido recorrentes e alergias, impactando a capacidade da criança de desenvolver a habilidade de dormir de forma independente.
Alternativas à melatonina
Existem várias alternativas à melatonina para ajudar as crianças a terem uma boa noite de sono. Estes incluem:
- Estabelecer uma rotina de sono consistente;
- Evitar cafeína e alimentos açucarados antes de dormir;
- Criar um ambiente de sono tranquilo;
- Limitar o tempo de tela antes de dormir.
É essencial para os pais entenderem os riscos associados ao uso de melatonina em crianças. Embora possa parecer uma solução fácil para os problemas de sono, os perigos superam os benefícios potenciais.
A proibição da Anvisa serve como um lembrete importante de que é crucial buscar orientação médica antes de administrar qualquer medicamento ou suplemento a uma criança.
A saúde e o bem-estar de nossas crianças devem ser sempre nossa prioridade número um.
A liberação da melatonina no Brasil
Em outubro de 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permitiu a venda de melatonina no Brasil como suplemento alimentar. O uso é destinado para pessoas com 19 anos ou mais, com uma dose diária máxima de 0,21mg.
O suplemento possui algumas contraindicações e não deve ser consumido por grávidas, lactantes, crianças e pessoas com atividades que demandam atenção constante.
Entendendo a função da melatonina
A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal no cérebro. Sua liberação ocorre à noite e é responsável por regular o ritmo circadiano, nosso “relógio biológico”. A melatonina não é uma substância que nos faz dormir, mas sim um sinalizador do sono, indicando ao nosso corpo que é hora de ir para a cama.
A Dra. Marcia Assis, neurologista e vice-presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS), destaca que a melatonina não é um tratamento para insônia. Essa confusão pode levar as pessoas a usá-la de forma inadequada.
Quando a suplementação de melatonina é indicada
Existem algumas condições em que a melatonina é utilizada no tratamento, como:
- Atraso de fase do sono;
- Síndrome de jet lag;
- Transtorno comportamental do sono REM;
- Deficiência visual;
- Crianças com transtorno do espectro autista (TEA).
Além disso, a produção de melatonina pode diminuir com a idade. Em alguns casos, a suplementação pode ser indicada para idosos com dificuldade de conciliar o sono, mas essa decisão deve ser tomada após uma avaliação individual.
Melatonina não é remédio para dormir
Apesar de seu papel na regulação do sono, a melatonina não é um remédio para a insônia. O uso inadequado pode levar a insônia crônica e a doenças relacionadas. Não há consenso científico sobre a eficácia da melatonina no tratamento da insônia.