Após 13 semanas, as projeções para a inflação no Brasil em 2023 voltaram a subir. Os analistas do mercado financeiro estavam se mostrando bastante otimistas com a taxa inflacionária nos últimos tempos, mas acontecimentos da semana passada pressionaram as estimativas.
De acordo com o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (21), a taxa inflacionária no país deverá chegar a 4,90% neste ano. Essa projeção ficou acima da estimativa anterior (4,84%) e reflete o impacto de dois principais acontecimentos dos últimos dias.
Inflação de julho veio acima do esperado
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) revelou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,12% em julho, variação mais elevada que o esperado. Em resumo, o IBGE coleta os preços de diversos produtos e serviços e divulga as variações mensalmente.
Esse dado é muito importante, pois diversas políticas públicas, bem como ações do Banco Central, baseiam-se na variação do IPCA. A propósito, o indicador se refere à inflação oficial do Brasil, e os analistas do mercado financeiro ficam atentos ao índice para atualizarem suas previsões.
Petrobras eleva preços da gasolina e do diesel
Na última terça-feira (15), a Petrobras elevou os preços da gasolina e do diesel pela primeira vez em mais de um ano. A última vez que a companhia havia elevado o valor dos combustíveis foi em meados de 2022.
Em síntese, a Petrobras elevou em 16,3% o valor da gasolina comercializada para as distribuidoras. Com isso, o litro do combustível subiu de R$ 2,52 para R$ 2,93, uma alta de 41 centavos.
Além disso, a empresa também reajustou o preço do óleo diesel, mas o avanço foi ainda mais forte que o da gasolina. A Petrobras elevou em 25,8% o valor do diesel, o que corresponde a 78 centavos. Com isso, o valor médio do combustível subiu de R$ 3,02 para R$ 3,80.
Essa decisão da Petrobras afeta diretamente o IPCA, pois os combustíveis exercem forte impacto na inflação do país. Em outras palavras, o reajuste da companhia nos valores dos combustíveis deverão pressionar o indicador, e os analistas já elevaram suas projeções para a taxa inflacionária neste ano.
Cabe salientar que o Banco Central tenta cumprir a inflação todos os anos. Contudo, em 2023, a taxa inflacionária segue acima da meta.
Quem define a meta da inflação?
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas ainda não acreditam que o Brasil cumprirá a meta, apesar das recentes reduções. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, os preços de produtos e serviços vão subir mais do que deveriam mais uma vez.
A propósito, o Conselho Monetário Nacional, que define a mata inflacionária do país, é composto por:
- Presidente do Banco Central (Roberto Campos Neto);
- Ministro da Fazenda (Fernando Haddad);
- Ministro do Planejamento e Orçamento (Simone Tebet).
PIB brasileiro deve crescer 2,3%
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Nesta semana, o mercado manteve estáveis as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, em 2,29%. Em suma, o crescimento do PIB do Brasil deverá ser menor que o registrado no ano passado.
Já para 2024, as projeções tiveram uma leve alta, de 1,30% para 1,33%. O PIB brasileiro deverá crescer com menos intensidade tanto em 2023 quanto em 2024, em relação aos últimos anos, por causa dos impactos provocados pela pandemia da covid-19 e pela guerra entre Rússia e Ucrânia, cujos desafios ainda são presentes em todo o mundo.
Os analistas mantiveram estáveis as estimativas para a taxa Selic, em 11,75% neste ano. No início deste mês, o BC promoveu o primeiro corte na taxa de juros em três anos. Para 2024, os juros deverão encerrar o ano em 9,00%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros, reduzindo o poder do consumidor.