Nesta semana, o consignado do Auxílio Brasil ganhou mais uma crítica de aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na manhã deste sábado (17), o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) disse que os bancos estariam lucrando enquanto os usuários do Auxílio Brasil estariam sofrendo para quitar as dívidas.
“Nada é mais corrosivo para a economia brasileira do que a forma perversa que nossa economia foi capturada pelo Bancos. É inacreditável e não existe nada parecido no mundo. A poupança remunera menos de 8% ao ano e o juro do cartão de crédito chega ao espantoso número de 379% ao ano”, disse o deputado.
“Mais de 86% das famílias endividadas devem no Cartão de Crédito. O juro do cheque especial ultrapassa 300% ao ano e os bancos anunciam lucros astronômicos e sugam a riqueza gerada e o salário do povo. A dívida pública aumenta exponencialmente e o Brasil é refém desta lógica”, seguiu o parlamentar.
“Um País endividado e a economia gerando novos bilionários todos os anos no mercado financeiro. Até durante a pandemia se tornaram mais ricos e os consignados com risco zero para os bancos são hoje o filé do mercado que não poupa aposentadorias, pensões e até o bolsa família (Auxílio Brasil).”
“É imperioso enfrentar essa realidade, criar um grande programa de refinanciamento das dívidas e estancar essa sangria que saqueia a luz do dia a economia brasileira e retira poder de compra principalmente das camadas mais empobrecidas”, completou o parlamentar em texto publicado em suas redes sociais oficiais.
Por que declaração importa
A princípio, a declaração de mais um deputado sobre o tema do consignado pode parecer apenas um simples posicionamento. Contudo, a verdade é que esta sinalização é mais um indício de que o governo Lula pode optar por não seguir com a liberação do consignado.
Nos últimos dias, vários membros do PT e da equipe de transição sinalizaram claramente que acreditam que o consignado do Auxílio Brasil não seria bom para o país. Nesta semana, Lula recebeu uma recomendação para acabar com o projeto assim que chegasse ao poder. Esta recomendação foi feita pela equipe de transição na área de Desenvolvimento Social.
Em entrevista para a emissora Globo News, também nesta semana, o futuro Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) também criticou a liberação do consignado, embora não tenha deixado claro se o crédito vai mesmo chegar ao fim em 2023.
“Aliás, o absurdo que aconteceu, é você fazer um consignado do Auxílio Brasil e espoliar a população pobre. Olha só, se a gente não prorroga o Auxílio Brasil a Caixa quebra. Nenhum banco privado fez (o consignado do Auxílio Brasil) e a Caixa foi obrigada a fazer. Só que é o seguinte: se não tiver o Auxílio Brasil ela vai receber de quem?”, perguntou Haddad.
Consignado do Auxílio Brasil
O Governo Federal atual liberou o consignado para usuários do Auxílio Brasil e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ainda em outubro deste ano, durante o segundo turno das eleições presidenciais.
Desde então, dados mais recentes do Ministério da Cidadania apontam que cerca de 13% dos usuários do programa social já solicitaram o consignado do programa em ao menos um dos bancos homologados para operar a linha.
O consignado do Auxílio Brasil funciona como uma espécie de empréstimo. O cidadão solicita o montante junto a um banco, e depois precisa bancar a dívida na forma de descontos mensais nas parcelas do próprio programa social.