Vai precisar sair de Uber na próxima segunda-feira (15)? Se sim, talvez seja a hora de começar a pensar em um plano B para chegar em seu destino.
Isso porque, motoristas de aplicativos estão prometendo parar de trabalhar nesta data como uma forma de protesto contra a falta de reajuste nos repasses das corridas.
Segundo os profissionais, há uma defasagem nos pagamentos dos valores das corridas pelas empresas. A intenção é realizar a paralisação na próxima segunda-feira (15) por um período de 24 horas.
A convocação para o protesto está sendo feita de maneira orgânica, por meio de grupos de aplicativos de mensagens e influenciadores da área nas redes sociais.
No YouTube, alguns donos de canais que pertencem ao meio também estão fazendo campanha para que os trabalhadores entrem no processo de paralisação.
Mas para além desta chamada informal, algumas entidades também já estão confirmando a existência da greve. A Federação dos Motoristas de Aplicativos do Brasil (Fembrapp) e a Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp) também já estão afirmando que devem aderir ao movimento.
Ainda não é possível dimensionar qual será o tamanho da paralisação que está marcada para o início da próxima semana. Acontece que não se sabe quantos motoristas devem aderir ao movimento.
A projeção das entidades é de que cerca de 70% dos trabalhadores de empresas como Uber e 99 Táxi cruzem os braços. Hoje, existem mais de 2 milhões de motoristas de aplicativo ativos.
“Sem motorista não tem empresa”
A avaliação dos profissionais da área é de que as empresas são solícitas para conversar sobre qualquer tema, como melhoria nas condições de trabalho e até melhorias no sistema de segurança ao trabalhador. Contudo, quando o assunto é o aumento do repasse ao motorista, quase não há avanço na discussão.
O presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), Eduardo Lima, disse que o movimento da próxima segunda-feira (15) terá a função de mostrar que “sem motorista não tem empresa”.
“Sempre que nós pedíamos reunião, elas atendiam rapidamente, mas sempre diziam que se aumentar a tarifa, cai a demanda”, diz o presidente da Amasp. Ele discorda do argumento das empresas.
“O valor repassado pelas plataformas para os motoristas segue congelado desde 2015, 2016 enquanto as plataformas aumentaram os preços para os passageiros”, afirma Eduardo, que também é diretor da Fembrapp.
Ainda segundo Lima, uma corrida que custava R$ 10 em 2016, significava um ganho de R$ 7,50 para os motoristas. Em 2023, uma corrida no valor de R$ 14, representa um ganho de R$ 7 para o trabalhador. Na avaliação dele, os números mostram uma clara defasagem no decorrer dos anos.
Impactos para o consumidor
A depender do tamanho da paralisação dos motoristas de aplicativo, os cidadãos que precisam deste serviço podem sentir um impacto maior ou menor. Caso muitos trabalhadores parem de rodar na segunda, poderá existir um efeito direto, sobretudo, nos preços das corridas.
A tendência natural é de que os trechos se tornem mais caros, justamente por causa do menor número de motoristas. Para além da questão do preço, também deverá existir um impacto no tempo de espera para conseguir uma corrida, já que poucos condutores estarão circulando pelas vias das cidades.
Perda de ganhos
Todavia, a paralisação também poderá afetar os ganhos dos próprios motoristas de aplicativo. Como estamos falando de um trabalho que tem ganho por produção, um dia útil inteiro sem rodar poderá fazer diferença no bolso no final do mês para estes cidadãos.
Os líderes do movimento, no entanto, estão pedindo para que os trabalhadores reforcem o trabalho no domingo (14), que tende a ser um dia com muitas corridas, já que é a data do Dia das Mães.