Nas últimas semanas, milhões de brasileiros de algumas regiões específicas estão tendo que lidar com o frio intenso. E se engana quem pensa que as baixas temperaturas possuem impacto apenas nos nossos corpos. De acordo com o 7º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), também há um impacto nos preços de alguns produtos.
Os dados, que foram divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mostram que há um impacto maior em itens como frutas e hortaliças. O estudo levou em consideração os preços destes produtos nas principais centrais de abastecimento de capitais como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, São José (SC), Goiânia, Brasília, Recife, Fortaleza e Rio Branco.
Segundo a Conab, o frio provoca uma mudança tanto na oferta como na demanda destes produtos. Esta dinâmica faz com que os preços de frutas e hortaliças sejam reduzidos na maioria das regiões do país. Um dos destaques citados pela pesquisa é o alface.
“No caso da alface, a baixa ocorreu mesmo com uma diminuição também na quantidade de produto encontrados nos mercados analisados. Isso porque a demanda registrou redução mais intensa, comportamento normal para esta época do ano com temperaturas mais baixas, o que não permitiu a reação dos preços da folhosa”, explica a Conab.
A Companhia também explicou a lógica da redução dos preços da cenoura e do tomate, dois dos itens mais comprados pelos brasileiros. “Com a permanência do frio, o desenvolvimento dos dois produtos tende a ser mais demorado, o que pode exercer pressão de alta nos preços em julho”, explicou a companhia.
Frutas
O frio também fez com que a demanda por frutas como laranja, melancia e mamão fosse reduzida. Resultado: preços menores. Neste sentido, o destaque vai para a Central de Abastecimento (Ceasa) de Goiânia, onde houve uma redução de 33,99% no preço do mamão, por exemplo.
Preço global de alimentos
O movimento de redução dos preços dos alimentos não é um fenômeno nacional. Um dado recente da Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que seu índice de análise dos preços globais dos produtos caiu para o menor nível desde antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022.
Os dados mostram que hoje o preço médio está 22% abaixo do pico atingido em 2022, quando se iniciou a Guerra da Ucrânia. As reduções nas cotações dos Cereais, óleos e laticínios podem ajudar a explicar a queda global nos preços dos alimentos.
Neste mesmo relatório mundial, a ONU também cita o Brasil, afirmando que há uma boa perspectiva para o agronegócio nacional nos próximos anos, o que pode fazer com que os preços dos alimentos seja ainda mais reduzido no decorrer dos próximos anos.
Cesta básica
Falando em futuro, o tema do preço da cesta básica para os próximos anos ficou em evidência nos últimos dias. O Congresso Nacional iniciou a discussão em torno da aprovação do texto da Reforma Tributária, que prevê uma mudança no sistema de cobrança de impostos sobre consumo no Brasil.
Inicialmente, o plano da Reforma era aplicar uma alíquota reduzida para os produtos da cesta básica no Brasil. Contudo, deputados federais da oposição defenderam que esta medida poderia fazer com que os preços dos alimentos fossem muito elevados no decorrer dos próximos anos.
Depois de muita discussão, a Câmara dos Deputados aprovou o documento com a indicação de isenção completa para os produtos da chamada cesta básica nacional. Este entendimento, no entanto, ainda pode ser alterado no Senado Federal. As discussões em torno do tema só devem ser retomadas a partir do próximo mês de agosto deste ano.