ALERTA! CICLONE BOMBA se formará no Atlântico deixando brasileiros preocupados
Mesmo preocupante, o impacto no país não será tão grande
A formação de um ciclone bomba no Atlântico Sul está prevista para ocorrer entre hoje, sexta-feira (18) e amanhã, sábado (19). Este é o resultado da rápida intensificação de uma área de baixa pressão que está se deslocando do Sudeste do Rio Grande do Sul em direção ao litoral da Argentina. O sistema terá impactos nas condições climáticas do Uruguai, Argentina e Brasil, com os efeitos mais significativos sendo sentidos sobre o oceano e áreas continentais mais ao Sul.
É importante destacar que ciclones extratropicais, como ciclone bomba, são fenômenos relativamente comuns e normais no Atlântico Sul. Embora o noticiário possa dar a impressão de que há um grande número de ciclones, eles estão frequentemente presentes nessa região, especialmente ao longo da costa da Argentina e em áreas mais ao Sul.
O que é mesmo um ciclone bomba?
Um ciclone bomba, também conhecido como bomba meteorológica, ocorre quando um ciclone nas latitudes médias se intensifica rapidamente. O resultado é uma queda acentuada da pressão atmosférica e um fortalecimento rápido da tempestade.
Esse fenômeno, chamado de bombogênese ou ciclogênese explosiva, acontece quando um centro de baixa pressão experimenta uma redução na pressão atmosférica de pelo menos 24 hPa (hectopascais, uma medida de pressão) em um período de 24 horas. Portanto, não é apenas a intensidade do ciclone que o define como uma “bomba meteorológica”, mas, sim, a rápida queda da pressão em seu centro.
Alguns sistemas extratropicais podem se intensificar em até 60 hPa em 24 horas. Dessa forma, alguns ciclones bomba podem até desenvolver um olho, semelhante ao centro de um furacão, que é um tipo de ciclone tropical.
A formação do ciclone bomba que ocorrerá entre hoje e amanhã no Atlântico é devido à sua rápida intensificação. Este atenderá ao critério de queda de pelo menos 24 hPa em 24 horas.
Esse processo é ilustrado pela projeção do modelo europeu, mostrando como o centro de baixa pressão, localizado a sudeste do Rio Grande do Sul, terá uma pressão central de 998 hPa no final de sexta-feira. Em apenas 24 horas, no final do sábado, após a maturação do ciclone mais ao sul, a pressão central cairá para 972 hPa, o que representa uma redução de 26 hPa em relação ao mesmo horário no dia anterior.
Os ciclones, sejam eles tempestades não tropicais ou tropicais, são, essencialmente, colunas gigantes de ar ascendente que giram no sentido horário no Hemisfério Sul. Quando uma corrente de jato forte se sobrepõe a um sistema de baixa pressão em desenvolvimento, estabelece-se um feedback que faz com que o ar quente suba de maneira crescente. Isso resulta em uma rápida queda da pressão no centro do sistema.
À medida que a pressão cai rapidamente, os ventos ao redor da tempestade se fortalecem. Na prática, a atmosfera busca equilibrar as diferenças de pressão entre o centro do sistema e as áreas circundantes. O grande gradiente de pressão resultante gera ventos muito fortes. Esse processo é um exemplo da dinâmica complexa que impulsiona a formação e a intensificação dos ciclones meteorológicos.
Intensificação do ciclone bomba diminuirá ao se aproximar do Brasil
É correto observar que dois sistemas distintos, um formado próximo à costa gaúcha em junho e outro originado sobre o Rio Grande do Sul em julho, resultaram em impactos significativos e lamentáveis, incluindo 24 mortes no território brasileiro, a maioria delas no estado do Rio Grande do Sul. No entanto, é importante destacar que esses eventos não necessariamente indicam que haverá mais ciclones no ano, uma vez que a ocorrência desses sistemas é influenciada por uma série de fatores complexos.
Muitos ciclones que afetam o Atlântico Sul passam por um processo de intensificação muito rápida, sendo classificados como “bombas” ou “bombas meteorológicas”. O sistema que está previsto para se formar entre hoje e amanhã é um exemplo desse tipo de fenômeno.
Felizmente, a maior intensificação deste sistema está projetada para ocorrer à medida que ele se afasta do Brasil e se dirige para o Sul. Isso significa que seu impacto em termos de ventos tende a ser reduzido no território brasileiro. No entanto, essa intensificação pode ter efeitos indiretos, como impulsionar uma frente fria em direção ao Norte, o que não é comum durante o auge da estação seca. Isso pode resultar em expectativa de chuva em algumas regiões do Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.
A ciclogênese explosiva acontecerá centenas de quilômetros ao Sul do Rio Grande do Sul, sobre o Oceano Atlântico. Os reflexos em termos de vento e precipitação associados à circulação do vórtice do ciclone devem ser mais significativos em áreas próximas à costa de países vizinhos ao Sul, como Argentina e Uruguai.
Portanto, enquanto o termo “ciclone bomba” pode gerar preocupação, é importante entender que a intensidade e os efeitos desses sistemas podem variar consideravelmente e são influenciados por diversos fatores meteorológicos e geográficos.
Os efeitos serão menores
Os efeitos do ciclone em termos de vento não devem ser significativos no Rio Grande do Sul. No entanto, o Litoral Sul, especialmente entre Chuí e Rio Grande, pode experienciar rajadas mais fortes de vento, com uma média de 50 km/h a 70 km/h. Isoladamente, as rajadas podem atingir velocidades ainda maiores.
Em áreas mais ao Norte, devido à maior distância do campo de vento intenso, não são esperadas rajadas de vento intensas. Porto Alegre e o Litoral Norte devem ter vento moderado no final da sexta-feira e durante o fim de semana, principalmente no sábado, mas as rajadas não devem ser suficientemente fortes para causar problemas significativos. Além disso, não se espera vento intenso associado ao ciclone em Santa Catarina, Paraná ou no Sudeste do Brasil.
A frente fria associada ao ciclone, no entanto, terá um impacto mais notável no tempo do Centro-Sul do Brasil. A previsão é de chuva para os três estados do Sul até amanhã, com instabilidade se estendendo para o Norte até o Centro-Oeste e o Sudeste.
Mesmo áreas que estão no auge da estação seca, como o Norte de São Paulo, Sul de Goiás e Triângulo Mineiro, podem receber precipitação. O deslocamento da frente fria, combinado com o ar quente na sua dianteira, pode criar condições para tempo severo, incluindo tempestades isoladas com ventos fortes e granizo.
Enquanto isso, o campo de vento intenso sobre o mar no Atlântico Sul será abrangente, e o ciclone deve permanecer quase estacionário a leste da Argentina por cerca de 24 a 30 horas. Isso resultará em uma grande agitação marítima e swell, que provavelmente chegará à costa do Rio Grande do Sul, gerando ressaca no mar da costa gaúcha durante o fim de semana e início da próxima semana.
Em alto mar, longe da costa, de acordo com alertas de mar grosso emitidos pela Marinha do Brasil, as ondas podem atingir mais de sete metros de altura. Perto do centro do ciclone, modelos de previsão de ondas indicam a possibilidade de vagas de até 33 pés (cerca de 10 metros).