Motoristas de todo o país certamente já começaram a sentir os efeitos do aumento nos preços dos combustíveis no Brasil. Nesta terça-feira (15), a Petrobras anunciou a elevação dos preços para o consumidor final, e os impactos já estão sendo sentidos. O assunto acabou dividindo as redes sociais neste semana.
Parte dos usuários afirma que o aumento no combustível teria sido um erro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas uma outra ala acredita que o aumento foi importante para que não houvesse um desabastecimento no Brasil. Curiosamente, uma das pessoas que concorda com esta ideia é o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
Em entrevista nesta quarta-feira (16), ele classificou a decisão da Petrobras como acertada, mesmo afirmando que o aumento nos preços dos combustíveis vai acabar gerando um impacto negativo para a inflação do país, que poderá subir para além do esperado neste mês de agosto.
“Ontem [terça] tivemos o reajuste de combustíveis, que vai ter impacto [na inflação] no ano de 2023. Eu confesso que achei acertado, não é bom ter um distanciamento muito grande do preço [internacional]. Mesmo tendo um impacto que para a gente é negativo, a gente acha que é uma decisão acertada”, disse ele em um evento.
Impacto na inflação
Como dito por Roberto Campos Neto, o aumento dos combustíveis tem um impacto natural na inflação. Na estimativa dele, a tendência é de que o patamar inflacionário suba mais 0,4 ponto neste mês.
“Tem um impacto na inflação de mais ou menos 0,40 ponto percentual nos meses de agosto e setembro. O impacto do diesel não é direto na cadeia, mas o impacto da gasolina é direto. Então, a gente provavelmente vai ter algumas previsões para cima [nas projeções para inflação deste ano] com o reajuste de hoje [terça]”, afirmou o presidente do Banco Central.
A decisão da Petrobras
A Petrobras decidiu elevar o preço médio do litro da gasolina em R$ 0,41 para as distribuidoras, assim, o patamar vai passar a ser de R$ 2,93 por litro. Considerando todo o histórico, no ano nós estamos falando de uma redução de R$ 0,15 por litro.
No caso do diesel, o aumento vai ser de R$ 0,78 por litro, elevando o patamar para R$ 3,80. Vale lembrar que neste caso, a situação tende a piorar ainda mais para os motoristas. Afinal de contas, o Ministério da Fazenda pretende aplicar uma reoneração a partir do mês de setembro, movimento que tende a deixar o diesel ainda mais caro.
Fim do PPI
Estes são os primeiros aumentos praticados pela Petrobras desde o fim da Política de Paridade Internacional (PPI). Trata-se do sistema que anexava os preços dos combustíveis no Brasil, aos valores que estão sendo cobrados internacionalmente.
Naquele momento, vários motoristas comemoram a decisão por imaginar que os preços seguiriam caindo até o final deste ano. Contudo, já no momento do anúncio do fim do PPI, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, deixou claro que o movimento não significaria que os valores internacionais deixariam de ser considerados.
“A nossa proposta deverá ser a mesma de qualquer empresa que faz os seus preços. Mas mesmo os países que são autossuficientes em petróleo não podem se desgarrar completamente do impacto internacional. Ele vive na comunidade internacional. Os países que fizeram isso (deixaram de considerar os preços internacionais) não se deram bem”, disse o presidente da Petrobras.
“Eles (os países) deram de graça gás, como no caso da Bolívia, ou diesel, como no caso da Venezuela, para os seus cidadãos acreditando que iam turbinar a economia com um combustível totalmente desgarrado da lógica internacional. Isso não dá certo também”, seguiu Jean Paul Prates em entrevista concedida no fim do PPI.