O mundo pode ver uma das invenções mais esperadas dos filmes de ficção científica até 2030, de acordo com um executivo da Hyundai. Segundo Michael Cole, chefe das operações europeias da montadora sul-coreana, os carros voadores serão uma realidade. A afirmação foi dita durante uma reunião da Society of Motor Manufacturers and Traders, associação comercial da indústria automobilística do Reino Unido, realizada semana passada.
O executivo explicou que a Hyundai tem feito “investimentos muito significativos” em mobilidade aérea urbana, na esperança de reduzir congestionamentos e emissões de poluentes. A fala foge da tendência atual que o setor automobilístico segue, com investimento em carros elétricos e na futura tecnologia de direção autônoma.
No entanto, a Hyundai já apresentou um projeto de carro voador em parceria com a Uber, o S-A1. O anúncio foi feito durante a CES 2020, principal feira de tecnologia do mundo realizada em Las Vegas, nos Estados Unidos.
O S-A1 não é bem um carro. A própria Hyundai trata o veículo como um VSTOL (sigla em inglês para decolagem e pouso vertical), mais parecido com um drone enorme ou um helicóptero menor, se você preferir.
O fato é que o S-A1 comporta quatro passageiros e um piloto e, supostamente, pode voar – já que, em sua apresentação, o protótipo não saiu do chão. Ele conta com quatro rotores principais capazes de girar 90° durante a transição de voo vertical para horizontal. Com propulsão elétrica, a montadora afirma que o carro voador terá autonomia de 100 quilômetros e velocidade de até 290 km/h, podendo voar entre 300 e 600 metros acima do chão.
Planos da Hyundai é implementar táxis aéreos em 2025
A intenção da Hyundai e da Uber é utilizar esse veículo no serviço de táxi aéreo. Para isso, as empresas trabalham juntas no desenvolvimento de uma rede de compartilhamento de viagens aéreas. A Uber será responsável por fornecer os serviços de suporte ao espaço aéreo, conexões com o transporte terrestre e a interface de atendimento ao cliente.
Enquanto isso, a Hyundai – além de desenvolver o veículo aéreo – também está envolvida no projeto do primeiro aeroporto sem pistas convencionais, projetado para VSTOL, que tem inauguração prevista para este ano e fica em Coventry, na Inglaterra.
Durante a CES 2020, a montadora prometeu que o carro estaria disponível em 2028, mas, segundo a agência Reuters, a Hyundai planeja lançar o S-A1 já em 2025. O CEO da divisão norte-americana da marca, José Muñoz, garantiu que a empresa está dentro do cronograma. “Os pioneiros serão os vencedores”, afirmou.
Os carros que já estão voando
Enquanto a Hyundai adianta seus prazos e mostra otimismo, alguns fabricantes menos conhecidos já testam seus carros voadores – e que parecem mais com carros mesmo. O AirCar, um protótipo desenvolvido pela Klein Vision, da Eslováquia, completou um voo de 35 minutos entre os aeroportos das cidades eslovacas Nitra e Bratislava.
Realizado no dia 28 de junho, a façanha levou cerca da metade do tempo que um carro normal levaria para completar o mesmo trajeto – e consumiu o dobro de combustível. No entanto, é digno de nota tirar um carro com aspecto esportivo do chão. De acordo com a fabricante, o carro tem alcance de 1 mil quilômetros, teto operacional de 2,5 quilômetros de altura e velocidade de cruzeiro de 170 km/h.
Outro exemplo é o modelo Liberty, da holandesa PAL-V, que conquistou certificação da Agência Europeia de Segurança Aeroviária (EASA) em fevereiro deste ano. No chão, o
carro alcança de zero a 100 km/h em nove segundos e tem velocidade máxima de 160 km/h. Já no ar, é possível chegar a 180 km/h em uma altura máxima de 3,5 mil metros, com autonomia de 500 quilômetros.
Apesar de ter uma certificação de uma agência reguladora, ainda não significa que quem comprar o Liberty possa sair por aí voando. Na verdade, o desafio do setor é sobre quem vai poder pilotar um veículo capaz de voar e como vai funcionar a regulamentação desses carros voadores.
Por isso mesmo, o plano da Hyundai com a Uber parece ser o mais seguro no momento, oferecendo o veículo não para consumidores comuns, mas para uma empresa colocar na mão de um verdadeiro piloto.