O mercado brasileiro de celulares e smartphones fechou 2021 em queda de 6,1% nas vendas em relação a 2020. Durante o ano passado, foram comercializados 45,8 milhões de aparelhos, sendo 2,4 milhões de feature phones e 43,4 milhões de smartphones, redução de 8,3% e 6%, respectivamente, em relação a 2020. Os dados fazem parte do estudo IDC Brazil Mobile Phone Annual 2021.
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Mesmo com a queda, a consultoria defende que o ano passado foi relativamente estável. Ela lembra que o segundo trimestre de 2021 teve alta de 14%, mas isso era esperado, em função do péssimo desempenho do mesmo trimestre de 2020. Segundo a IDC, a principal alteração no panorama geral em 2021 foi a saída da LG do mercado, que abriu frente para os demais fabricantes disputarem os consumidores dessa marca.
Como em 2020, o mercado cinza também caiu, mas continuou atuante. Do total de unidades vendidas em 2021, 3,6 milhões de aparelhos foram comercializados sem nota fiscal ou importação indevida. Segundo a IDC, é um volume 9,5% menor do que em 2020, mas que impacta tanto os negócios dos fabricantes e varejistas que operam legalmente como na arrecadação de impostos e na segurança do consumidor.
De acordo com a consultoria, ainda há consumidores desavisados, que, muitas vezes, compram o celular de um site conhecido, mas quem entrega é outra empresa que trouxe o aparelho de outro país e não pagou os devidos tributos. Essa diferença no preço chega a ser desleal, afirma a consultoria.
Preço médio de celular cresceu
O preço médio do celular em 2021 ficou em torno de R$ 1.845 no mercado oficial, uma alta de 19,51% em relação a 2020. Esse aumento no preço fez com que as vendas de smartphones caíssem em 2021. Já a receita total do segmento foi de R$ 66,3 bilhões, 9,5% maior do que a registrada no ano anterior.
Segundo a IDC Brasil, o aumento no preço médio se deu basicamente pelo incremento de recursos aos smartphones, como tela maior, mais memória e câmeras de melhor resolução. Pressões de custos globais, como o encarecimento dos fretes da China, a disparada nos preços dos componentes e a depreciação do real frente ao dólar, também levaram ao aumento do preço de smartphones.
Em 2021, a preferência do consumidor foi por aparelhos compatíveis com seu orçamento. O cenário econômico de instabilidade e a alta da inflação e da taxa de juros impactaram principalmente a população de baixa renda, que optou pelos feature phones, que são os típicos celulares, que só fazem chamadas e mandam SMS.
Já os smartphones de R$ 1.000 a R$ 2.500, com mais funcionalidades e a possibilidade de parcelamento, formaram a maior parcela do mercado.
Projeções da IDC Brasil para o mercado de celulares em 2022
Os seis primeiros meses de 2022 foram bastante desafiadores para o mercado de celular. Para a IDC Brasil, a paralisação das fábricas na China, a guerra na Ucrânia e a instabilidade econômica global afetaram não somente o preço dos componentes como também sua distribuição. Diante disso, das incertezas do país e dos desafios relacionados ao mercado interno, as projeções de crescimento foram reduzidas.
O alento é que a falta de componentes, que teve um grande impacto no primeiro semestre de 2022, não deve protagonizar o movimento no restante do ano. O que deverá afetar as vendas é o comprometimento da renda do consumidor, em decorrência da alta da inflação e das taxas de juros, acredita a consultoria.
Nem a chegada do 5G ao Brasil deve alterar significativamente esse cenário. Para o segundo semestre, a IDC Brasil prevê um aumento nas vendas de aparelhos habilitados à tecnologia, mas ainda de forma tímida. A consultoria entende que o brasileiro sempre quer ter o smartphone atualizado em suas mãos, mas algumas preocupações de curto prazo como eleições, juros altos e incertezas em relação a economia devem afastar os consumidores das lojas no segundo semestre.