Segundo o levantamento divulgado pela estatal Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) baseado nos Preços de Combustíveis da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e de Biocombustíveis (ANP), as vendas de diesel alcançaram em 2021 o maior volume mensal para meses de novembro para os consumidores finais.
Até novembro do ano passado, o país acumulava também o maior total comercializado nos primeiros 11 meses do ano de toda a série histórica, iniciada em 2000, já que nesse período o volume de vendas foi de 57,2 milhões de metros cúbicos (1000 L) de diesel, utilizado majoritariamente por caminhões e ônibus.
Em relação ao mesmo período de 2020, esse total representa uma alta de 8,31%. O documento aponta que o país importou em novembro 1,1 milhão de metros cúbicos de diesel. Isso representa um aumento de 33,22% no volume em relação a novembro de 2020, quando a atividade econômica estava mais retraída, em função do momento da pandemia de COVID-19.
“Com isto, o percentual do diesel vendido no país, com origem estrangeira, passou de 19,32%, em novembro de 2020, para 24,7% em novembro de 2021”, diz um trecho do documento. Em outro trecho, a ANP explica que o aumento da proporção de importações está relacionado à redução do percentual de mistura obrigatória do biodiesel no diesel.
Mistura de biodiesel e diesel
Sobre a taxa percentual de mistura obrigatória do biodiesel no diesel, no último mês de novembro, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) reduziu a proporção de 13% para 10% para 2022, em virtude do preço da soja no mercado internacional.
O grão é a principal matéria-prima do biodiesel no Brasil. Como o país não produz todo diesel que precisa, depende de importações, que aumentaram com essa medida.
“Sobre esses valores, vale registrar a variação do percentual de mistura de biodiesel no diesel B, estabelecido em 13% em março e abril, 10% entre maio e setembro, e 12% em outubro e novembro; além da ocorrência de uma parada programada da RNEST, produtora de diesel A, no mês de setembro”, destaca a publicação.
Segundo Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a retomada econômica que marcou 2021, combinada com a redução do percentual de mistura obrigatória do biodiesel no diesel, foi uma tentativa do governo de segurar os preços do produto, tornando o aumento de produção um processo natural.
“Mesmo em 2020, no lockdown, o consumo de diesel não foi tão afetado quanto o de gasolina ou querosene de aviação. O combustível é fundamental para o frete e o abastecimento das cidades. A redução da mistura obrigatória aumentou a importação acima do que seria esperado.” afirmou o diretor.
“ Ela gera mais impacto para os produtores de biocombustíveis, porque cria uma insegurança regulatória para eles, que se prepararam para produzir 30% mais e não podem”, completou.
Alta no preço dos combustíveis
A Petrobras tem sido criticada por importadores por conta da defasagem no preço dos combustíveis, em relação aos valores praticados pelo mercado internacional.
A explicação que a própria petrolífera deu para o aumento dos preços do diesel e outros combustíveis está em vários fatores, mas, principalmente, no valor do petróleo e no câmbio. “Os ajustes refletem também parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente ao crescimento da demanda mundial, e da taxa de câmbio”, afirma a empresa.
A fim de reduzir e controlar o impacto das altas nos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro negocia com o Congresso Nacional uma PEC que autoriza a redução de impostos sobre os combustíveis. O presidente já chegou a dizer que, caso a proposta seja aprovada, vai “zerar” o imposto final sobre o diesel no país.