A inflação no Brasil pode subir um pouco mais que o esperado em 2023. Segundo a nova atualização do relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país, o indicador voltou a ganhar força nessa semana.
De acordo com a publicação, a inflação no Brasil deverá encerrar este ano em 6,03%, taxa levemente maior que a projetada na semana passada (6,02%). A inflação se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços.
Em suma, os analistas reduziram as suas estimativas para a inflação no Brasil por apenas três semanas em 2023. Nas demais atualizações, a taxa cresceu ou se manteve estável, o que indica que a inflação poderá ter um avanço expressivo neste ano.
A propósito, o Banco Central (BC), responsável pelo levantamento, divulgou as novas estimativas dos analistas na última segunda-feira (8). Cabe salientar que, mesmo com a desaceleração, as projeções para a inflação continuam bem distantes da meta para este ano.
Em resumo, isso é ruim para o país, que busca uma taxa inflacionária abaixo da meta definida, uma vez que há diversos benefícios quando isso ocorre.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o responsável pela projeção de uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Portanto, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo superando a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, os preços de produtos e serviços vão subir mais que o esperado mais uma vez.
A saber, o Conselho Monetário Nacional é composto por:
Neste ano, os brasileiros deverão voltar a enfrentar uma inflação mais elevada. Na verdade, a taxa já está mais alta que o esperado e isso pode ficar ainda mais intenso com a volta da arrecadação de impostos sobre combustíveis.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou em janeiro deste ano um pacote de medidas adotadas pelo governo federal para reduzir o rombo das contas públicas. Para 2023, o déficit aprovado pelo Congresso Nacional foi de R$ 231,5 bilhões.
Contudo, os esforços do governo devem reduzir o rombo para R$ 120 bilhões. Nesse cenário, o déficit das contas públicas diminui, graças ao aumento da arrecadação federal, ou seja, os brasileiros passam a pagar mais caro.
Para segurar a inflação, o Banco Central elevou 12 vezes consecutivas os juros da economia brasileira, a Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Dessa forma, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.
Além disso, é importante destacar que a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos.
Por isso, a inflação do Brasil, que já perdeu força no ano passado, deverá cair ainda mais neste ano e em 2024, mas não tanto quanto o esperado, principalmente devido ao retorno dos impostos sobre os combustíveis. Por ora, os juros deverão se manter em patamar elevado por mais algum tempo.
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro elevou levemente as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 1,00% para 1,02%.
Aliás, os analistas elevaram de maneira recorrente as estimativas para o PIB do país nas últimas semanas, o que indica maior otimismo para este ano.
Ainda assim, o crescimento do PIB brasileiro deverá ser bem menor que o registrado em 2022, mas vale destacar que essa é a primeira semana que as estimativas superaram 1%. Antes disso, todas as previsões indicavam um crescimento menor ou igual a esse patamar.
Já para 2024 as projeções recuaram levemente, de 1,40% para 1,38%. Em resumo, o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano que vem, quando comparado a 2023, uma vez que os impactos da inflação deverão estar mais brandos no país.
Por fim, os analistas estimaram que a taxa Selic ficará em 12,50% neste ano. Já para 2024, os juros deverão ficar em 10,00%, patamar ainda elevado e que deverá continuar afetando a renda dos brasileiros.