Vale DERRUBA Ibovespa na semana, apesar da disparada da Petrobras
A semana não foi positiva para o Ibovespa. O indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, caiu em todos os quatro pregões da semana, refletindo o temor global com o risco inflacionário.
Nesta sexta-feira (8), o Ibovespa caiu 0,58%, a 115.313 pontos. Com isso, o indicador acumulou fortes perdas de 2,19% no período, influenciado principalmente pela mineradora Vale, cujas ações também tombaram na semana.
Apesar do forte recuo acumulado em quatro pregões, o Ibovespa registra uma leve queda de 0,37% em setembro. A saber, o mês teve cinco pregões, e em apenas um deles que o indicador teve resultado positivo. Contudo, o saldo foi forte o suficiente para cobrir quase toda a queda acumulada nas demais sessões.
Em 2023, o Ibovespa reserva ganhos de 5,08%, o que evidencia a força do mercado acionário nos primeiros meses deste ano. Em resumo, o indicador chegou a acumular alta de mais de 11% entre janeiro e julho, mas o mês de agosto não foi bom para o mercado acionário nacional, que caiu em 18 dos 23 pregões realizados.
Aliás, o Ibovespa caiu por 13 pregões consecutivos em agosto, maior sequência de quedas já registrada na história. No entanto, as perdas acumuladas em agosto não foram tão altas quanto poderiam ter sido, visto que o indicador teve perdas de “apenas” 5,1%, queda considerada pequena para tantos recuos assim.
Investidores ficam de olho no risco inflacionário
Na semana, o que mais impactou o Ibovespa foi o mercado internacional. Em suma, o barril de petróleo chegou a superar os US$ 90 na última quarta-feira (6), algo que não acontecia desde novembro de 2022. Isso quer dizer que a commoditie, uma das mais importantes em todo o planeta, estava mais cara do que em qualquer outro período de 2023.
Desde a decretação da pandemia da covid-19, em março de 2020, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) vem cortando a sua produção de petróleo toda vez que a demanda global encolhe. O problema é que a entidade vem realizando mais cortes que o esperado, e isso preocupa o mundo.
Com a expectativa de uma produção mais limitada de petróleo, os preços do barril tendem a subir, assim como aconteceu nesta semana. Isso liga o sinal de alerta entre os investidores, pois os valores internacionais mais elevados pressionam a Petrobras a reajustar os preços dos combustíveis no Brasil.
Como estes itens impactam fortemente a inflação no país, o temor de uma nova aceleração da taxa inflacionária, que poderia impedir a queda dos juros no Brasil, fez os investidores buscarem ativos mais seguros na semana, deixando os países emergentes de lado e, consequentemente, o Ibovespa.
Quais os perigos da inflação elevada?
Inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços. Quando a taxa inflacionária está muito elevada, o Banco Central (BC) age para segurá-la, através do aumento dos juros.
Em síntese, quando os juros sobem no Brasil, puxam consigo as taxas dos mais diversos setores econômicos, como o bancário e o imobiliário. Assim, ocorre uma redução do poder de compra do consumidor, já que os juros ficam mais altos e eles precisam pagar mais caro por produtos e serviços. Como consequência, a economia esfria, e a redução da demanda faz os preços caírem.
Isso começou a acontecer neste ano no Brasil, com a inflação perdendo força e o BC promovendo o primeiro corte dos juros em três anos. Aliás, a expectativa é que haja mais reduções dos juros ao longo dos próximos meses, mas isso só acontecerá se a inflação não voltar a ganhar força no país.
Quanto os juros caem, a renda variável, da qual o Ibovespa faz parte, fica mais fortalecida. Isso acontece porque os juros mais elevados tornam a renda fixa mais atrativa, aumentando a sua rentabilidade. Quando ela perde atratividade, os investidores tendem a recorrer à renda variável, ou seja, os juros mais baixos ajudam o Ibovespa porque tornam a renda fixa menos vantajosa.
75 das 86 ações do Ibovespa caem na semana
Na sessão de hoje, 51 das 85 ações listadas no Ibovespa caíram, enquanto 27 papéis subiram e oito se mantiveram estáveis. Já no acumulado semana, 75 papéis fecharam no vermelho, e apenas 11 tiveram resultados positivos, ou seja, houve uma verdadeira disseminação de quedas na semana.
Tanto o resultado diário quanto o semanal foram muito impactados pelas ações da mineradora Vale, que respondem por 15% do Ibovespa. A empresa é o maior peso-pesado do indicador e seus papéis caíram 1,90% nesta sexta-feira (8) e 3,16% na semana.
O resultado semanal do Ibovespa só não foi pior graças à Petrobras, que responde por cerca de 11,6% da carteira do indicador e fechou a semana no azul. Em suma, os preços elevados do barril de petróleo impulsionaram os papéis da companhia, apesar de terem derrubado a maioria das ações do Ibovespa nos pregões da semana.
Por fim, a carteira teórica mais famosa do país movimentou apenas R$ 13 bilhões na sessão de hoje e fechou a semana com uma média de R$ 14 bilhões. Em setembro, a média chega a R$ 14,9 bilhões.