Pesquisa realizada no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), a pedido da empresa Wier constatou a eficácia de equipamentos que emitem ozônio no combate ao coronavírus. Os equipamentos em questão são utilizados para higienizar locais fechados e segundo o estudo possuem eficácia no combate ao vírus superior a 99%. Os equipamentos da empresa já haviam sido testados com sucesso em setembro no combate ao coronavírus pelo Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). A empresa brasileira Wier é uma startup que desenvolve soluções com a tecnologia do Plasma Frio e do Ozônio no país e em mais de 20 países.
Efeito do ozônio contra o coronavírus já havia sido testado na Universidade
Em abril deste ano o Instituto de Física de São Carlos da USP criou uma câmara de ozônio com o objetivo de esterilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) dos profissionais de saúde envolvidos no combate à Covid-19. O equipamento é capaz de descontaminar até 1000 máscaras em duas horas. Para este processo os equipamentos são colocados em uma câmara de vácuo que posteriormente é preenchida com ozônio. Segundo o estudo, a presença deste produto na atmosfera elimina o vírus da superfície dos instrumentos, o que seria de grande utilidade em um ambiente hospitalar.
Método de ação do Ozônio na Higienização de Ambientes
O ozônio é uma tripla molécula de oxigênio e é encontrada na natureza em grandes quantidades na camada de ozônio. De forma simplificada, o ozônio higieniza ambientes através do processo de oxidação de microrganismos. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) considera a substância espécie de oxidante, no entanto, acredita que a purificação do ar pelo ozônio é ineficaz. Em muitos países o produto também é utilizado em sua forma líquida para limpeza de superfícies e tratamento de água.
Polêmica do uso do Ozônio pela Anvisa e Agência Americana
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil (Anvisa) declarou em sua Nota Técnica 108/2020 publicada em 28 de outubro que não foram apresentadas à agência evidências científicas sobre a eficácia do ozônio contra a Covid-19. A agência ainda alerta que apesar do produto possuir ação desinfetante, seu uso pode acarretar danos respiratórios, à pele e aos olhos dos trabalhadores expostos à substância. Por fim, o órgão lembra que de acordo com os marcos regulatórios vigentes, os equipamentos que utilizam ozônio para desinfecção de ambientes não estão sujeitos à regularização da agência.
Os ensaios de comprovação de eficácia e segurança da substância produzida por tais equipamentos devem ser realizados pelas empresas para fins de fiscalização. Na mesma direção, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos afirma que “a evidência científica disponível mostra que em concentrações que não excedem os padrões de saúde pública, o ozônio tem pouco potencial para remover contaminantes do ar interno”. O órgão americano ainda afirma que seja em sua forma pura ou misturado a outros produtos químicos, o ozônio pode ser prejudicial à saúde.