TV 3.0: A nova geração da tecnologia para TV aberta brasileira
Organização começa testes de laboratório e de campo para novo padrão digital no Brasil
Em 2007, ocorreu a primeira transmissão de TV digital no Brasil, na cidade de São Paulo. Hoje, esta tecnologia alcançou 90% da população, tendo a previsão de desligamento definitivo do sinal analógico até 2023, segundo o governo federal. Mas a transição de tecnologia não vai parar por aí, porque uma nova tecnologia já está sendo desenvolvida.
Nesta semana, iniciaram os testes de laboratório e de campo da TV 3.0, um novo sistema de TV aberta desenvolvido pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Fórum SBTVD), uma instituição sem fins lucrativos que assessora tecnicamente o governo a implantar a TV digital.
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Em 2020, uma chamada internacional foi publicada para receber propostas de tecnologias – nacionais e internacionais – para implementar a TV 3.0. Com a resposta de 21 organizações, os testes de laboratório e de campo vão avaliar as tecnologias que serão empregadas no novo sistema.
As avaliações serão realizadas em sete universidades durante cinco meses, com o trabalho de 70 pesquisadores, além de engenheiros e especialistas de empresas associadas ao Fórum SBTVD. O financiamento do projeto será feito pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ligado ao Ministério das Comunicações.
Quais os benefícios da TV 3.0
Segundo o Fórum SBTVD, a TV 3.0 trará melhorias na qualidade do som e imagem da TV digital atual. Também será possível apresentar conteúdos mais segmentados geograficamente e de acordo com o perfil do telespectador, além de uma integração mais transparente entre a TV aberta e a Internet, com conteúdo sob demanda. Tudo isso de forma gratuita aos brasileiros.
A TV 3.0 também representa um avanço para o mercado de radiodifusão, na visão de Luiz Fausto, coordenador do Módulo Técnico do Fórum SBTVD. Ele explica que o novo sistema será capaz de manter o engajamento da audiência e viabilizar novos modelos de negócio, justamente pela possibilidade de maior segmentação da programação e integração com a Internet.
Uma das tecnologias a ser estudada pelo projeto é o 5G Standalone Broadcast, desenvolvida pela fabricante de equipamentos Qualcomm. A tecnologia é capaz de trocar o sistema de broadcast usado hoje, que transmite o mesmo sinal de uma torre para múltiplas casas, pelo “unicast”, onde cada dispositivo pode receber um conteúdo específico a partir do mesmo espectro de banda, que é por onde o sinal da TV digital é transmitido.
Segundo a fabricante, a tecnologia facilitaria a distribuição de conteúdo local, pois fica mais simples de restringir a cobertura de uma programação a uma cidade. Além disso, o 5G Standalone Broadcast também permitiria aproveitar de frequências de espectro que estão livres.
O projeto da Qualcomm ainda vai competir com outras tecnologias de transmissão de sinal, como o Advanced ISDB-T, um padrão japonês, o ATSC 3.0, dos Estados Unidos, e o DTMB-A, da China.
Previsão para adoção é só para depois de 2023
Caso os resultados dos testes sejam satisfatórios e permitam a identificação de tecnologias que atendam os requisitos estabelecidos para o projeto TV 3.0, o Conselho Deliberativo do Fórum SBTVD, em conjunto com as avaliações dos Módulos Técnico, de Mercado e de Propriedade Intelectual, vai recomendar ao Ministério das Comunicações um conjunto de tecnologias apropriadas para a próxima geração de televisão digital no Brasil.
Só após a aprovação do Ministério das Comunicações, o Módulo Técnico do Fórum SBTVD trabalhará na elaboração das normas técnicas da TV 3.0. O processo para iniciar a TV 3.0 deve começar só a partir de 2023, com uma adoção progressiva ao longo dos anos seguintes.
“Teremos muito trabalho pela frente, mas acreditamos que, além de fornecer informações muito valiosas para a seleção das tecnologias mais apropriadas para a próxima geração de televisão digital no Brasil, esses testes também serão uma referência muito importante para outros países”, afirma o coordenador do Fórum SBTVD. “Uma vez que as normas estejam publicadas pela ABNT e referenciadas na regulamentação do serviço de radiodifusão, as emissoras poderão ser autorizadas pelo governo a iniciar a operação do novo sistema”, encerra.