Uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode não ser cumprida neste mandato.
Em entrevista nesta semana, o Ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT) disse que não é possível acabar com a fila de espera para benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“Nunca vai acabar (a fila de espera). O parâmetro de aceitabilidade é de até 45 dias de espera. Pretendo (chegar a) isso até o fim do ano com o mutirão e o pagamento de bônus”, disse o Ministro em entrevista ao jornal O Globo.
Ele foi perguntado por jornalistas sobre o prazo que o governo tem para acabar com a lista.
Esta é a primeira vez que o Ministro da Previdência assume publicamente que não vai conseguir zerar a fila de espera do INSS.
Desde que assumiu o cargo à frente da pasta, Lupi vinha dizendo que poderia zerar a fila de espera até o final deste ano de 2023, o que estava animando os segurados.
“A nossa intenção é zerar a fila de espera e voltar ao que era no governo Lula, de cinco dias (de prazo máximo) para a obtenção do benefício”, disse ele ainda no dia 1º de janeiro deste ano, quando tomou posse como o novo Ministro da Previdência da terceira gestão do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Zerar a fila de espera é uma das promessas que também não foram cumpridas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Esta foi uma promessa específica do ex-ministro do Trabalho e da Previdência, Onyx Lorenzoni. Ele deixou este cargo antes mesmo do fim do mandato e não conseguiu cumprir o que prometeu.
Mutirão de perícias médicas
Embora afirme que não será possível zerar a fila por completo, o atual Ministro da Previdência revelou que está trabalhando para reduzir drasticamente o número de pessoas que estão tendo que esperar por uma resposta.
Para tanto, ele afirma que vai investir em mutirões. De acordo com Lupi, a grande maioria das pessoas que estão na fila de espera, estão aguardando por uma perícia médica.
Na visão do Ministro, é necessário enviar mais peritos médicos para áreas remotas.
“Meu desafio são as perícias médicas, cuja fila está muito grande. Só no Nordeste são 661 mil na fila, 50% da nossa fila. Na fila do BPC, tem 473 mil, e do auxílio-doença, 574 mil.
Ou seja, quase um milhão depende de perícia. Por isso, o meu projeto do mutirão”, disse ele.
“Vou deslocar peritos das capitais do Nordeste para o interior, onde tem a maior fila. Estamos nos acertos finais para começar neste mês.
A medida provisória que autoriza o bônus está para sair a qualquer momento. O bônus ajuda porque é uma maneira de incentivar o perito a se deslocar.”
Crescimento da fila do INSS
Os primeiros sinais do ano sobre o tamanho da fila de espera do INSS não parecem ser promissores.
Dados oficiais apontam que em janeiro de 2023, o número de pessoas que estão aguardando por uma resposta do Instituto cresceu.
Sobre este novo crescimento, Lupi disse que se trata de um movimento natural.
“É natural. Primeiro, herdamos uma fila gigantesca; segundo, as férias dos servidores são concentradas em janeiro e fevereiro; e terceiro, o bônus acabou em dezembro.”