Segundo informações disponibilizadas pelo Banco Central do Brasil, as taxas de juros cobradas no cartão de crédito subiram entre os meses de setembro e outubro de 2022. Os dados indicam que a taxa de juros no cartão de crédito rotativo variou de 390,7% (ao ano) em setembro para 399,5% no mês de outubro.
Os dados foram divulgados pela autarquia no Boletim de Estatísticas Monetárias e de Crédito e mostram que essa é a maior taxa desde agosto de 2017, quando a taxa de juros do cartão de crédito ficou em 428%. Vale lembrar que o juros rotativo é cobrado quando os clientes não pagam o valor total da fatura.
“O não pagamento do valor integral da fatura tem provocado uma elevação muito alta nos juros por parte dos bancos, porque é equivalente a uma inadimplência. Está se tornando uma bola de neve, as pessoas não tinham condições de pagar nem mesmo as taxas de juros que eram inferiores no passado, quanto mais agora”, disse Newton Marques ao Correio Braziliense.
As informações divulgadas pelo Banco Central apontam que a taxa média de juros no crédito livre para pessoas físicas saiu de 54,0% para 56,6% ao ano entre setembro e outubro de 2022. Já no caso das pessoas jurídicas, a taxa de juros foi de 23,0% para 23,5% no mesmo período.
O relatório do BC também mostra que houve uma queda de 1,8 ponto percentual na taxa média de juros do cheque especial entre setembro e outubro, chegando ao menor patamar desde abril.
Outro ponto analisado pelo levantamento foi a taxa de inadimplência no país. Segundo o Banco Central, o endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro voltou a subir em setembro. Além disso, a taxa de inadimplência nas operações de crédito livre passou de 4,1% para 4,2% entre setembro e outubro.
No final de novembro o Banco Central publicou também o panorama do mercado de pagamentos e do uso de cartões no país com dados de 2021. “As Estatísticas compilam informações enviadas pelos diversos participantes do mercado sobre o uso dos instrumentos de pagamento no país, o mercado de cartões de pagamento e os canais de serviços de transações bancárias […]”, explica o BC.
De acordo com a autarquia, no ano de 2021, as transações de pagamento continuaram crescendo tanto em quantidade quanto de volume financeiro. Ao todo foram realizadas 58,8 bilhões de transações, somando o montante financeiro de R$ 76,9 trilhões, valor que representa aproximadamente nove vezes o PIB brasileiro.
“Explicam esse panorama a adoção acelerada do uso do Pix, a expansão do mercado de cartões, que manteve crescimento nas modalidades de crédito (34%), débito (18%) e pré-pago (213%), e um discreto crescimento no uso do débito direto (9%) e do boleto (9%). O uso do cheque, e as transferências interbancárias e intrabancárias, por sua vez, tiveram redução”, disse o Banco Central em nota à imprensa.