O volume de serviços no país caiu 0,3% em setembro deste ano, na comparação com o mês anterior, segundo recuo consecutivo. Nos dois meses, o setor acumulou uma perda de 1,6%, eliminando boa parte do ganho de 2,2% acumulado entre maio e julho.
Com isso, o setor ficou ainda mais afastado do recorde histórico registrado em dezembro de 2022. Em resumo, os serviços estão 2,6% abaixo do ponto mais alto da série histórica, registrado em dezembro de 2022. Por outro lado, o volume está 10,8% acima do nível observado em fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19.
Em 2023, o setor de serviços iniciou o ano em queda, afundando em janeiro. O resultado negativo foi provocado pela forte base comparativa, ante dezembro de 2022, pois o volume de serviços costuma apresentar um forte resultado no último mês de cada ano. Aliás, o setor bateu recorde em dezembro do ano passado.
Nos meses seguintes, os resultados foram majoritariamente positivos, mas voltou a cair em agosto, e isso se repetiu em setembro. Ainda assim, o setor continua acumulando ganhos em 2023.
A propósito, os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta terça-feira (14).
Três das cinco atividades de serviços encolhem no mês
De acordo com o IBGE, três das cinco atividades pesquisadas do setor de serviços encerraram setembro em queda, na comparação com agosto, puxando a média nacional para baixo. Veja abaixo as variações de cada uma das cinco atividades:
- Serviços prestados às famílias (3,0%);
- Outros serviços (0,8%);
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-0,2%);
- Informação e comunicação (-0,7%);
- Serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%).
Em síntese, o destaque do mês foram os serviços prestados às famílias, que registraram uma forte alta de 3,0%. O resultado conseguiu limitar a queda nacional, mas não foi capaz de impulsionar a taxa do país para o campo positivo.
A atividade conseguiu recuperar boa parte da perda observada em agosto (-3,7%), influenciado principalmente pelo segmento “outros serviços prestados às famílias”, fortalecido principalmente pela atividade de espetáculos musicais.
“Houve um grande festival de música, realizado em São Paulo, em setembro, que acabou impactando no setor como um todo”, explicou Rodrigo Logo, analista da pesquisa.
Veja o que derrubou o setor de serviços em setembro
Segundo o IBGE, o setor de serviços profissionais, administrativos e complementares exerceu a maior influência negativa na taxa nacional. A queda foi influenciada pela redução da receita vinda das atividades jurídicas, de limpeza e de serviços de engenharia.
“Houve apenas uma movimentação natural do conjunto de empresas que compõe esses segmentos, não identificamos nenhum componente especial que tenha motivado a queda do setor“, explicou Rodrigo Lobo. Inclusive, a queda de 1,1% eliminou o ganho de 0,8% observado em agosto.
Por sua vez, os serviços de informação e comunicação registraram a segunda maior queda mensal (-0,7%). Em suma, este foi o terceiro recuo seguido, período em que a atividade acumulou perda de 1,7%. Em setembro, a queda foi provocada, principalmente, pelo setor de suporte técnico, manutenção e outros serviços em TI.
Já o terceiro recuo, registrado por transportes (-0,2%), mostrou-se bem mais tímido que os demais. De acordo com o IBGE, os setores de transporte rodoviário de carga, o principal segmento desse grupo e um dos maiores pesos da pesquisa, e de transporte aéreo de passageiros puxaram a atividade para baixo.
“Neste ramo, o resultado foi influenciado pelo aumento das passagens aéreas observado em setembro (13,47%), o que acabou pressionando negativamente a receita real das companhias aéreas“, disse Lobo.
Setor de serviços cai em 17 das 27 UFs
A pesquisa também revelou que o setor de serviços caiu em 17 das 27 unidades federativas (UFs) em setembro. Entre os muitos recuos, as principais taxas negativas vieram, respectivamente, de:
- São Paulo: -1,2%;
- Goiás: -4,5%;
- Rio Grande do Sul: -1,6%;
- Distrito Federal: -2,6%.
Por outro lado, as principais contribuições positivas vieram do Rio de Janeiro (1,9%), seguido por Ceará (1,9%) e Pernambuco (1,0%). Esses avanços limitaram o recuo do setor de serviços em setembro.
No acumulado de 2023, o volume de serviços cresceu 3,4% no Brasil graças às taxas positivas disseminadas. A saber, 25 das 27 UFs registraram aumento das receitas no período, impulsionando a taxa nacional.
Entre janeiro e setembro deste ano, as principais contribuições positivas vieram, respectivamente, de Minas Gerais (8,4%), Paraná (11,9%), Rio de Janeiro (5,2%), Mato Grosso (18,1%), Santa Catarina (9,2%) e Rio Grande do Sul (6,0%). Em contrapartida, as únicas taxas negativas vieram de São Paulo (-0,9%) e Amapá (-3,8%).
Por fim, vale destacar que os serviços respondem por quase 70% do PIB brasileiro. Além disso, o setor é considerado o maior empregador do país, segundo o IBGE. Isso quer dizer que, quanto mais o setor crescer, mais a economia brasileira vai avançar.