Segundo a Rede Análise Covid, o Brasil pode registar 4 mil mortes por Covid-19 diariamente no mês de abril, caso medidas restritivas , como um lockdown, não sejam adotadas para conter o avanço da pandemia que já matou mais de 285 mil brasileiros.
Nesta quarta (17), pela primeira vez a média móvel superou 2 mil óbitos por Covid-19 diários nos últimos 7 dias. Um dia antes, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) havia dito que o Brasil vive “o maior colapso sanitário e hospitalar da história”. Segundo especialistas a situação só melhorará no país se medidas restritivas forem adotadas imediatamente.
É também a primeira vez que a aceleração da transmissão do coronavírus é vista em todos os estados brasileiros, que a cada dia contabilizam mais novos casos e mortes. Esse é um indicador que a pandemia está fora de controle, de acordo com o coordenador da Rede Análise Covid, o cientista de dados Isaac Scharstzhaup.
“Como a doença veio de fora, ela chegou de avião, inicialmente às principais capitais e começou a se espalhar de cidade em cidade. Na metade do ano passado, muitas capitais estavam sofrendo, mas havia muitas cidades do interior em que não havia sequer um caso da doença; a distribuição dos casos era muito díspar”, explicou Scharstzhaup em entrevista ao Estadão.
“Agora, desde a virada do ano, a tendência de aumento é geral; o que muda de um Estado para o outro é apenas a velocidade de transmissão.”, completou o especialista.
Lockdown poderia conter avanço da Covid-19 no Brasil
De acordo com Isaac, apenas medidas mais restritivas, como um lockdown rigoroso, podem frear o avanço da Covid-19 no Brasil.
“Não adianta fazer lockdown de fim de semana, de sete dias”, explicou. “O ciclo de contágio do vírus é de 14 dias. Os países que adotaram o lockdown mais rigoroso só começaram a ver resultados a partir do décimo-quarto, décimo-quinto dia.”
Para o cientista de dados, relaxar as medidas restritivas conforme os leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) são liberados é um erro cometido no Brasil.
“Por isso nunca chegamos a zerar o número de casos, como a Europa conseguiu, depois da primeira onda”, afirmou. “Quando as restrições não são feitas corretamente, acabamos fazendo um platô, uma estabilização em patamar alto. O Brasil teria que fazer uma restrição forte e não ceder no momento em que os números se estabilizam, esperar a real desaceleração.”