Os trabalhadores do Brasil receberam uma grande notícia na última semana. De acordo com o Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), seis em cada dez reajustes salariais superaram a inflação no país em março.
Isso quer dizer que a maioria absoluta dos trabalhadores com carteira assinada viram o seu poder de compra crescer. Esse dado é muito positivo para os empregados, que desejam ter condições de consumir mais itens com o rendimento mensal que possuem.
Aliás, a Fipe faz uma relação dos reajustes salariais com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em resumo, o indicador mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país.
Vale destacar que o INPC é utilizado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Em outras palavras, o governo federal se baseia na variação registrada pelo indicador para definir os reajustes no país. Por isso que o INPC, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um indicador tão importante para os trabalhadores.
Reajustes superam INPC
Em 2023, o Brasil vem sofrendo para manter a atividade econômica em ritmo firme. As expectativas indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá crescer apenas 1,02% neste ano, taxa bem menor que a registrada em 2022 (2,9%).
Embora o país já esteja sofrendo com a estagnação econômica, os reajustes salariais tiveram um resultado bastante positivo para os trabalhadores do país em abril.
Segundo o boletim Salariômetro, os resultados observados no quarto mês de 2023 foram os seguintes:
- 63,5% dos reajustes superaram a inflação;
- 33,5% dos reajustes tiveram variação igual ao do INPC;
- 3,0% dos reajustes ficaram abaixo da inflação.
Em suma, a comparação é feita com a variação acumulada pelo INPC nos últimos 12 meses, até abril. No período, o indicador oscilou 3,83% em comparação aos 12 meses imediatamente anteriores. Contudo, a maioria dos reajustes salariais registrou uma alta mais forte que essa oscilação, resultando em ganho real para o trabalhador.
Quando ocorre o contrário, com os acordos e convenções ficando abaixo da inflação, o trabalhador tem a sua renda reduzida. Isso porque o reajuste salarial não consegue acompanhar o aumento dos preços de bens e serviços no país, obrigando o trabalhador a modificar seus hábitos de consumo para se adequar à nova renda e aos novos preços.
Já nos casos de reajustes equivalentes ao INPC, os trabalhadores seguem com o mesmo poder de compra. Em síntese, os empregados continuam podendo comprar os itens que tinham condições de adquirir no ano anterior, pelo menos na teoria.
Entretanto, não há possibilidade de aumento do consumo, uma vez que a renda subiu apenas o suficiente para mantê-lo no mesmo patamar do ano anterior.
Cabe salientar que abril foi o quinto mês consecutivo que mais da metade dos reajustes superou a inflação medida pelo INPC. No entanto, a taxa foi a menor de 2023, visto que os demais meses tiveram as seguintes taxas: janeiro (70,2%), fevereiro (75,8%) e março (74,6%).
De todo modo, a proporção de reajustes acima do INPC acumulada nos quatro primeiros meses de 2023 chegou a 72,5%.
Veja as expectativas para os próximos meses
O boletim Salariômetro divulgou as expectativas para os próximos meses. A saber, as projeções para a inflação medida pelo INPC acumulada em 12 meses devem ciar para 3,7% em julho. Dessa forma, os reajustes devem continuar apresentando ganho real, em sua maioria, por mais alguns meses, uma vez que a inflação estará mais controlada.
Contudo, o INPC deverá começar a acelerar em agosto, encerrando o ano em 5,7%. Nesse caso, os acordos e negociações trabalhistas não terão taxas tão positivas quanto as dos primeiros meses de 2023, projeta a Fipe.
Aliás, a Fipe revelou que a prévia do levantamento referente a maio mostra que 98,2% dos 114 acordos e convenções coletivas realizadas no mês resultaram em ganho real positivo, ou seja, ficaram acima da inflação. Os dados consolidados só deverão ser divulgados em junho.
Vale destacar que todos os setores econômicos tiveram reajuste mediano positivo entre janeiro e maio deste ano. Em resumo, o reajuste real mediano foi de 0,53% no Brasil, mas três setores se destacaram no período, com taxas ainda mais expressivas: outros serviços (4,25%), despachantes e auto escolas (3,64%) e administração pública (2,07%).
Além disso, o levantamento revelou que, entre as unidades federativas, o Acre teve o maior reajuste real mediano do país (1,78%), superando a taxa do Brasil. Em seguida, ficaram Sergipe (1,49%), Goiás (1,18%), Mato Grosso (1,17%) e Minas Gerais (1,07%).
Por fim, “o Salariômetro é uma iniciativa da Fipe para disponibilizar informações e análises sobre o mercado de trabalho brasileiro. Para acompanhar a negociação coletiva, transforma os textos dos acordos coletivos e das convenções coletivas depositados no Mediador do MTP em dados quantitativos sobre 40 tipos de cláusulas”, informa a Fipe.