Os reajustes salariais se mostraram bastante positivos para os trabalhadores do país em agosto. De acordo com o Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), oito em cada dez acordos e negociações salariais superaram a inflação no país em agosto de 2023.
Isso quer dizer que a maioria absoluta dos trabalhadores com carteira assinada viram o seu poder de compra crescer. Esse dado é muito positivo para os profissionais, que podem aumentar o consumo mensal graças aos reajustes acima da inflação.
Em resumo, a Fipe faz uma relação entre as negociações salariais e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Este indicador mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país.
Vale destacar que o INPC é utilizado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Em outras palavras, o governo federal se baseia na variação registrada pelo indicador para definir os reajustes no país. Por isso que o INPC, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um índice tão importante para o país.
Reajustes superam INPC
Em 2023, o Brasil está conseguindo superar as adversidades e as projeções para a atividade econômica estão cada vez mais otimistas. As estimativas de analistas do mercado financeiro apontam uma alta de 2,92% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, primeira vez que a supera o crescimento registrado em 2022, de 2,9%.
Isso mostra que a estagnação econômica, esperada para este ano, será superada. Ao mesmo tempo, os reajustes salariais estão registrando resultados cada vez mais positivos para os trabalhadores do país.
Segundo o boletim Salariômetro, os resultados observados em agosto de 2023 foram os seguintes:
- 82% dos reajustes superaram a inflação;
- 3,8% dos reajustes tiveram variação igual ao do INPC;
- 14,2% dos reajustes ficaram abaixo da inflação.
Resultado fica mais fraco em agosto
A Fipe compara os reajustes salariais com a variação acumulada pelo INPC nos últimos 12 meses, até agosto. No período, o indicador oscilou 4,06% em comparação aos 12 meses imediatamente anteriores. No geral, os reajustes salariais ficaram 5,0% acima do INPC anual, promovendo ganho real para o trabalhador.
A proporção de reajustes acima da inflação em agosto (82,0%) desacelerou fortemente, visto que, em julho, a taxa havia 89,1%. Nos dois meses anteriores, a Fipe registou proporções semelhantes, com as taxas de maio e junho chegando a 91,2% e 88,8%, respectivamente. Aliás, o resultado de maio foi o recorde da série histórica do Salariômetro.
Antes disso, apenas em janeiro de 2018 que a entidade registrou taxas tão elevadas assim. À época, 91,0% das negociações superaram o INPC. Em suma, isso aconteceu, em grande parte, porque a inflação estava em torno de 2%, taxa bem menor que a deste ano.
Vale destacar que, quando ocorre o contrário, com os acordos e convenções ficando abaixo da inflação, o trabalhador tem a sua renda reduzida. Isso porque o reajuste salarial não consegue acompanhar o aumento dos preços de bens e serviços no país, obrigando o trabalhador a modificar seus hábitos de consumo para se adequar à nova renda e aos novos preços.
Já nos casos de reajustes iguais ao INPC, os trabalhadores seguem com o mesmo poder de compra, ou seja, eles podem comprar os mesmos itens de antes, pelo menos na teoria. Entretanto, não há possibilidade de aumento do consumo, uma vez que a renda sobe apenas o suficiente para mantê-la no mesmo nível da inflação.
Reajustes acumulados em 2023
Nos oito primeiros meses de 2023, 79,2% dos reajustes salariais superaram o INPC. Isso quer dizer que quase oito em cada dez negociações resultaram em ganho real para o trabalhador neste ano. Em síntese, esse é o melhor resultado para o período dos últimos anos. A título de comparação, entre janeiro e agosto de 2022, a proporção havia chegado a apenas 23,6%.
A saber, o reajuste mediano real dos salários superou a inflação em 1,5% entre janeiro e agosto deste ano. Nas regiões brasileiras, as taxas registradas foram as seguintes:
- Centro-Oeste: 1,17%;
- Sudeste: 1,14%;
- Sul: 1,00%;
- Norte: 0,53%;
- Nordeste: 0,53%.
Já em relação aos setores pesquisados, o maior reajuste real mediano foi registrado pela construção civil (1,67%). Em seguida, ficaram agropecuária (1,17%), indústria (1,00%), serviços (1,00%) e comércio (0,26%).
Por fim, “o Salariômetro é uma iniciativa da Fipe para disponibilizar informações e análises sobre o mercado de trabalho brasileiro. Para acompanhar a negociação coletiva, transforma os textos dos acordos coletivos e das convenções coletivas depositados no Mediador do MTP em dados quantitativos sobre 40 tipos de cláusulas“, informa a Fipe.