O ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, é uma prova que foi criada como uma ferramenta de avaliação do conhecimento dos estudantes que haviam concluído o ensino médio.
Atualmente, a prova é aplicada todos os anos pelo Inep, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. O ENEM é considerado uma das provas mais importantes de todo o país. Todos os anos, milhares de estudantes fazem o exame em um dos diversos centros de aplicação no Brasil.
Porém, o ENEM está enfrentando a maior crise da sua história neste momento. Para que você possa entender os motivos que estão provocando o preocupante cenário, continue lendo o texto que preparamos para você.
Estudantes estão preocupados com a maior crise do ENEM
Desde o ano de sua criação, o ENEM foi responsável por atrair o interesse e a participação de milhões de estudantes brasileiros. Em 2014, por exemplo, 8,7 milhões de brasileiros se inscreveram para participar da prova.
Mas, desde 2016, o Inep está registrando a queda do número de inscrições no ENEM, mostrando a existência de uma crise em relação ao exame. O cenário negativo atingiu o seu pior momento em 2021, quando foi registrado o menor número de inscritos de toda a história do ENEM.
Os estudantes estão preocupados com esse cenário de crise. De fato, a crise do ENEM atinge a porção mais vulnerável de seu público-alvo, ou seja, os participantes que desejam usar a nota da prova para ingressar em uma instituição de ensino via SISU e outros programas ou para conseguir uma bolsa de estudo no Prouni.
De acordo com dados divulgados por Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco, 90% dos estudantes da rede privada de ensino prestaram o ENEM em 2016 e esse número caiu para 72% em 2021. Na rede pública, porém, o cenário foi ainda mais preocupante: somente 55% dos estudantes participaram do ENEM em 2016 e, em 2021, esse percentual caiu para 26%.
O cenário é extremamente preocupante, uma vez que a crise do ENEM provoca um aumento da desigualdade nas possibilidades de acesso ao ensino superior.
Motivos que provocaram a crise do ENEM
A pandemia de Covid-19 foi a principal responsável pelo baixo número de inscritos no ENEM 2021, conforme apontam especialistas. Durante a pandemia, o vínculo dos estudantes com a escola deveria ter sido mantido de formas alternativas, mas isso não aconteceu conforme o esperado:
“Mas como manter esse vínculo se grande parte dos estudantes não conseguia nem sequer ter internet e se, por outro lado, a situação em casa obrigava até os mais jovens a trabalhar em meio à crise econômica? Como esses estudantes poderiam sonhar com uma profissão dali a três, quatro anos, se a realidade da crise e da pandemia impunha a urgência de fazer um bico para ajudar em casa?”, ressalta Henrique.
Dessa forma, o aumento das desigualdades sociais provocado pela pandemia afetou também a educação, como mostram os dados relativos à prova do ENEM.
Porém, a crise do ENEM já havia se instaurado muito antes do início da pandemia, como mostram as estatísticas a partir de 2016. Dentre os motivos que levaram à crise, podemos destacar também o estabelecimento de regras muito rígidas para conseguir a isenção da taxa de inscrição e problemas estruturais variados.
Uma possível melhora na crise do ENEM?
O número de inscritos no ENEM 2023 indica que talvez a crise do ENEM possa estar chegando ao fim: segundo anúncio oficial do Inep, mais de 3,9 milhões de estudantes se inscreveram para participar da próxima edição da prova.
O número representa a retomada do aumento do número de inscrições, principalmente quando comparado aos dados das edições de 2022 e 2021. Podemos reconhecer nesses dados o o início da recuperação após a pandemia de Covid-19.
Nesse cenário, profissionais e especialistas estão otimistas e afirmam que os dados do ENEM 2023 podem indicar o possível fim da pior crise já enfrentada pelo ENEM.