O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a mais nova estimativa para a safra de grãos de 2023. Desde março deste ano que os prognósticos do instituto estão crescendo em relação à projeção anterior, e isso também aconteceu em agosto, que teve estimativas ainda mais animadoras.
De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a produção nacional de grãos, cereais, leguminosas e oleaginosas deve totalizar 313,3 milhões de toneladas neste ano.
A última estimativa apontava para uma safra de grãos de 308,9 milhões de toneladas em 2023. Isso quer dizer que as projeções para a colheita cresceram 1,4% em relação a julho, variação que corresponde a 4,4 milhões de toneladas.
Já na comparação com a safra obtida em 2022, a colheita neste ano terá um crescimento de 19%. Este percentual representa um aumento de 50,1 milhões de toneladas em relação à colheita brasileira do ano passado.
Vale destacar que essa estimativa do IBGE representa um recorde para a safra de grãos do Brasil. Aliás, o IBGE também prevê que as safras de soja e milho registrem os maiores níveis históricos em 2023, impulsionando assim a safra nacional de grãos.
Produções de soja e milho devem bater recorde
Segundo o IBGE, a produção de soja deve totalizar 150,3 milhões de toneladas neste ano. Isso representa um crescimento de 25,8% na comparação com a safra de 2022.
Inclusive, o aumento ficou tão expressivo assim devido às dificuldades enfrentadas em 2022, que enfraqueceram a base de comparação. Além disso, a produção recorde de soja neste ano também ajudou a impulsionar a diferença percentual em relação ao ano anterior.
Já em relação ao milho, a estimativa do IBGE ficou em 127,8 milhões de toneladas. Em resumo, esse valor se divide nas duas safras do grão, com a 1ª safra devendo totalizar 28,2 milhões de toneladas e a 2ª safra chegar a 99,6 milhões de toneladas de milho. As novas projeções representam uma forte alta de 16% em relação à colheita de 2022.
Segundo Carlos Barradas, gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), os resultados estão mais positivos graças à melhora da colheita em quase todos os estados.
“O clima tem sido favorável e, apesar do Rio Grande do Sul, que teve uma quebra de safra, a maior parte dos estados tem aumentado as estimativas anteriores, pois já estão na fase da colheita da 2ª safra e se deparando com rendimentos maiores“, disse.
Inclusive, o pesquisador lembrou que, apesar da forte estiagem no estado gaúcho, que afetou a colheita local, os problemas no clima não foram tão graves quanto em 2022.
“O clima tem beneficiado bastante, especialmente para os produtos de segunda safra como o milho, cuja produção cresceu 17,5% em relação à 2022“, informou o pesquisador.
“Em relação à expansão de 19% na produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas, isso significa 50,1 milhões de toneladas a mais, algo fantástico“, acrescentou.
Trigo também deve bater recorde em 2023
O IBGE revelou que a colheita do trigo também deverá ser recorde em 2023. Em síntese, a estimativa para a produção do grão chegou a 10,9 milhões de toneladas, o que corresponde a um crescimento de 1,1% em relação às projeções anteriores do IBGE e de 8,2% na comparação com 2022.
No ano passado, o Brasil colheu a maior safra de trigo da história, e está prestes a bater um novo recorde caso as condições climáticas se mantenham favoráveis nos últimos meses deste ano. A saber, a produção nacional de trigo vem crescendo nos últimos tempos devido a forte alta dos preços internacionais por causa da guerra da Rússia e da Ucrânia.
Segundo Carlos Barradas, a produção do trigo pode atingir recorde se as condições climáticas se mantiverem favoráveis. O gerente do LSPA ressaltou que o trigo ainda está no campo. Portanto, muitos fatores ainda podem impactar a produção do grão. No entanto, a expectativa indica para uma produção recorde neste ano, apesar de ajustes nos estados produtores.
Centro-Oeste lidera produção de grãos
Além disso, o IBGE revelou que houve alta nas projeções de quatro regiões em relação ao prognóstico anterior. Os avanços foram os seguintes: Norte (4,1%), Sudeste (3,9%), Centro-Oeste (1,6%) e Nordeste (0,3%). A única exceção foi a região Sul, que apresentou estabilidade .
Já na comparação com a safra de 2022, todas as regiões brasileiras tiveram resultados positivos. Em suma, o maior avanço anual deverá ser registrado pelo Sul (26,6%), seguido por Norte (21,2%), Centro-Oeste (19,4%), Sudeste (8,9%) e Nordeste (7,7%).
Segundo o Instituto, o Centro-Oeste deverá concentrar 49,8% da produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas. Em segundo lugar, com uma taxa quase duas vezes menor, deverá ficar o Sul (26,6%), seguido por Sudeste (9,7%), Nordeste (8,7%) e Norte (5,2%).
No que se refere às unidades federativas (UFs), o Mato Grosso deverá ser o maior destaque nacional. Em resumo, o estado é o maior produtor de grãos do país, respondendo por 30,6% da produção nacional.
Na sequência, deverão ficar Paraná (14,8%), Goiás (10,1%), Rio Grande do Sul (9,4%), Mato Grosso do Sul (8,9%) e Minas Gerais (6,2%). Aliás, esses seis estados, quando somados, deverão representar 80% da produção nacional. Isso mostra que poucos estados deverão concentrar a maioria absoluta da produção de grãos do país.