Segundo dados disponibilizados pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), aproximadamente 72% dos estabelecimentos do setor de alimentação estão operando com menos funcionários. O fator tem sido ocasionado por conta da pandemia de Covid-19 que tem prejudicado as atividades do ramo.
O estudo ainda afirma que aproximadamente 31% dos restaurantes pretendem investir em novas contratações nos próximos três meses. Contudo, 27% dos estabelecimentos analisados afirmaram que pretendem demitir colaboradores em breve.
Outra importante informação divulgada pela Abrasel é o grande número de restaurantes com pagamentos em atraso aos seus funcionários (56%). Dos estabelecimentos que foram analisados e estão no Simples (88%), mais da metade (51%) deve ao menos uma parcela.
“Mais da metade das empresas (53%) afirmou ter feito faturamento maior em agosto de 2021 em relação a agosto de 2020, mas o número não impressiona, já que é fundamental observar que nesta época, ano passado, as restrições em função da pandemia eram muito mais severas” disse Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.
Mesmo com a queda no número de funcionários em estabelecimentos do setor de alimentação, o número de brasileiros que trabalham para aplicativos de entrega de mercadorias tem crescido. Segundo um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), houve uma alta de 979,8% nos últimos 5 anos.
De acordo com o Ipea, no ano de 2016 havia 30 mil pessoas trabalhando para aplicativos de entrega de mercadorias. Já no segundo trimestre de 2021, o número chegou a alcançar 278 mil trabalhadores. Apesar disso, o cenário para esse tipo de ocupação é instável e a pandemia tem aumentado a vulnerabilidade desses indivíduos.
“Há aumento da vulnerabilidade social, caracterizada pela ausência de seguro-desemprego, auxílio-doença e contribuição previdenciária pelo empregador. No longo prazo, os efeitos podem ser ambíguos devido ao comportamento estratégico das empresas dentro e fora do setor. É possível observar dois mecanismos em ação: a demanda por esses trabalhadores pode diminuir à medida que a situação econômica geral piora em decorrência da pandemia e as empresas podem recorrer a formas de trabalho mais baratas e flexíveis”, disse o Ipea em nota
Das empresas analisadas, 58% disseram precisar fazer ajustes no quadro de funcionários. A Associação ainda afirmou que uma em cada cinco empresas do setor (20%) diz estar com dificuldade para recrutar mão de obra qualificada para o trabalho. Segundo a Abrasel, os cargos mais qualificados são os que possuem menos oferta de profissionais.
No estudo divulgado pela associação, os cargos mais difíceis de encontrar são cozinheiros, gerentes e chefes de cozinha. Os proprietários de restaurantes também vem encontrando dificuldade em encontrar especialistas como sushiman, garçons e auxiliares de cozinha.
“Este é um fenômeno que deve se intensificar com a retomada; outros setores também relatam dificuldades parecidas, principalmente nos grandes centros. Muitos trabalhadores demitidos durante a pandemia se mudaram ou encontraram uma nova forma de renda — não à toa, o número de MEIs (microempreendedores individuais) cresceu muito nos últimos 18 meses”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Paulo Solmucci.