A loja Renner anunciou o fechamento de mais uma unidade no Brasil. Desta vez, o fechamento afeta a cidade de Fortaleza, no Ceará. A loja em questão ficava na rua Barão do Rio Branco, no centro da capital cearense. No local, foi fixado o seguinte cartaz: “Estamos sempre pertinho de você, no site, app ou em uma loja mais próxima.”
Segundo a empresa, no entanto, os trabalhadores não foram demitidos. Eles afirmam que precisaram realocar estes colaboradores para atuar em outras unidades da região. “A Renner encerrou as operações da unidade localizada no centro de Fortaleza e os clientes continuam sendo atendidos nas demais oito lojas da marca na cidade, bem como nos seus canais digitais”, diz a nota da empresa.
“A empresa entende que as aberturas e os fechamentos são movimentos naturais do varejo e segue fazendo uma análise do desempenho das suas operações, como sempre fez, agora levando em conta o fluxo de clientes pós-pandemia”, completa a nota enviada para veículos de imprensa.
Lucro
Embora não tenha revelado nesta nota o motivo do fechamento, fato é que as Lojas Renner registraram uma queda nos lucros. Segundo os dados oficiais, a empresa apresentou lucro líquido de R$ 46,8 milhões no primeiro semestre deste ano de 2023.
Pode parecer muito, mas este patamar representa uma queda de nada menos do que 75,6% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Fechamentos
Desde o início de maio, a Renner vem indicando fechamentos de algumas unidades, e agora não estamos falando apenas de Fortaleza. De acordo com a varejista, tais movimentações seriam importantes para se adequar ao novo momento econômico do pós-pandemia.
“Especificamente no segmento de Home & Decor, a maior participação das vendas através do digital também é fator na avaliação de rentabilidade das unidades”, informou a companhia ao explicar os fechamentos de algumas unidades pelo país.
Fechamento de lojas além da Renner
Fato é que boa parte das varejistas brasileiras estão preocupadas no início deste segundo semestre. Publicamente, donos de grandes empresas brasileiras citam, ao menos, dois motivos notadamente mais fortes para estas preocupações. São eles:
- O plano de conformidade de Haddad
Um dos pontos que preocupa as varejistas é o plano de conformidade apresentado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Trata-se do documento que prevê uma mudança no processo de cobranças de impostos de varejistas internacionais. Entre outros pontos, o texto libera uma isenção para todas as compras de até US$ 50 compradas em marcas como Shein, Shopee e AliExpress.
O varejo nacional não gostou nada desta história. “Essa redução é prejudicial para o varejo, para a indústria, e poderá levar a um forte desemprego, a fechamento de lojas, ao que não é visível de imediato, mas, da forma que está, pode levar a essas consequências muito ruins para o país”, disse presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho.
“Não queremos impostos, não queremos aumento de tributo, nós queremos isonomia, que o nosso varejo, quem trabalha aqui, quem vende, a indústria, tenha as mesmas condições de quem traz produto de fora”, completou Jorge Gonçalves Filho.
- A taxa Selic
Outro ponto que preocupa as varejistas é a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano. Trata-se de uma das taxas mais altas do mundo, e está sendo mantida há vários meses pelo atual Banco Central (BC). Nos últimos meses, vários varejistas estão fazendo pressão para que haja uma redução deste patamar o quanto antes.
“Eu estou lutando para abaixar os juros. Espero [que venha na próxima reunião] pelo menos um sinal. Se não vier, vai ser muito triste. O pequeno e o médio estão sofrendo muito”, disse a presidente do grupo Magazine Luiza, Luíza Trajano.