Renda media dos brasileiros cai 10% e não tem previsão de melhora

Renda média dos brasileiros cai 10% e não tem previsão de melhora

A renda média domiciliar per capita dos brasileiros apresentou uma queda de 10% em relação ao ano passado. A renda média no primeiro trimestre de 2021 foi de R$1.065. Segundo o pesquisador Daniel Duque, o fato da renda ter diminuído se deve tanto pela perda de emprego quanto pela perda da renda média dos trabalhadores no período de pandemia.

Da mesma maneira, a inflação alta traz um impacto muito grande na renda dos brasileiros. A inflação tem aumentado significativamente nos últimos meses e tem se tornado um problema. Além disso, os valores dos rendimentos não estão sendo reajustados neste período, o que também contribui para a queda de renda do trabalhador.

O pesquisador ainda concluiu que a situação pode ficar um pouco melhor, apesar de na média de 2021 a queda ser ainda maior nos próximos meses. Se levarmos em conta que a comparação está sendo feita com o primeiro trimestre de 2020, período anterior a pandemia.

A retomada econômica já pode ser observada desde o quarto trimestre do ano passado. Porém, mesmo com a ampliação da vacinação contra covid-19 e a normalização da situação, ainda há necessidade de da criação de políticas públicas que olhem para o mercado de trabalho mais atentamente.

Quais motivos levam a renda a continuar caindo

O desemprego em alta por conta da pandemia de covid-19, resulta em um número muito alto de pessoas procurando por emprego. Isso ocasiona uma diminuição nas pressões salariais.

Apesar de ter havido uma forte criação de vagas formais no início deste ano, o desemprego bateu recorde no último trimestre. A taxa de desocupação foi de 14,7% e com um total de 14,8 milhões de desempregados, segundo dados do IBGE. Essa contradição se dá devido à discrepância na recuperação entre os mercados formais e informais.

Além disso, as empresas não estão reajustando o salário acima da inflação. Muito disso se dá pela própria situação que as empresas se encontram. Em janeiro deste ano, 61,6% das negociações salariais coletivas entre patrões e empregados foram abaixo da inflação. Cerca de 25,4% dos acordos repuseram a alta causada pela inflação e apenas 3% resultaram em um ajuste acima do INPC.

A inflação em alta é um fator decisivo para essa redução na renda dos brasileiros. Ainda em março o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) fechou com alta de 6,94%, situação que só piorou com o índice fechando em alta de 8,9% em maio. Isso tudo contribuiu para a diminuição do poder de compra dos brasileiros.

Qual a expectativa para os próximos meses

Enquanto o mercado de trabalho do topo já está com a situação praticamente normalizada, nos setores mais baixos ainda existe espaço para uma melhora. Apesar disso, o mais provável é que não voltaremos ao normal tão rápido. Os choques transitórios ocorridos em decorrência da crise em que o país se encontra foram muito grandes, isso resulta em perdas permanentes, como, por exemplo, pessoas que nunca irão voltar a sua renda anterior.

Esses choques transitórios ocorrem, mesmo que por um curto período de tempo podem acarretar consequências permanentes. Deste modo é provável vermos um efeito a longo prazo ocorrendo em decorrência deles. Por conta disso talvez não consigamos retomar os danos causados na velocidade esperada, isso pelo menos considerando o mercado de trabalho mais afetado que foram os informais e os em situação de vulnerabilidade em geral.

É previsto que a renda continue caindo, isso porque há muita gente para ser reincorporada ao mercado de trabalho, sendo que as horas médias trabalhadas estão em níveis parecidos com os de antes da pandemia. Com isso é previsto que o salário médio caia ainda mais, e ainda fique estagnado por um tempo.

Como existe muito desemprego consequentemente a competitividade por vagas também é maior. Dessa forma, a expectativa é de que a renda tenha uma trajetória bastante desfavorável para o trabalhador por um bom tempo ainda.

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