Segundo dados da Pesquisa de Comportamentos (ConVid) feita pela Fiocruz em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a renda de quase metade dos idosos diminuiu durante o período de pandemia, conforme divulgado no dia de hoje (31).
A coleta de informações e dados foi realizada através de um questionário eletrônico e contou com a participação de 9.173 pessoas com 60 anos ou mais. A coleta foi feita no período compreendido entre abril e maio de 2020.
Segundos os resultados da pesquisa 50,5% dos idosos tinham um trabalho antes do período de pandemia, porém 42,1% não apresentavam o que se chama de vínculo empregatício, que é quando há um acordo feito entre o empregador e o empregado.
A mesma pesquisa apontou que houve 47,1% de queda na renda domiciliar. Além disso, 23,6% relatam que essa queda na renda foi brusca ou então que houve ausência total da renda domiciliar.
O agravamento de problemas com a pandemia
79,8% dos que tinham carteira assinada tiveram redução de renda, mas em 55,3% dos casos houve corte total da renda anteriormente recebida. A diminuição da renda na pandemia entre os idosos acabou afetando principalmente os mais pobres, em especial os domicílios que apresentavam menos que um salário mínimo per capita.
Além disso, cerca de 12% das pessoas da pesquisa relataram que alguém de sua moradia recebia algum tipo de benefício governamental que tivesse objetivos relacionados a diminuição dos impactos causados pela pandemia.
“A pandemia veio somar os problemas para a saúde e o bem-estar da população idosa”, disse a autora do estudo, Dalia Elena Romero. Ela ainda ressaltou que antes mesmo da pandemia ter começado, já se tinha um cenário de perda de renda e desemprego no Brasil.
Dalia Elena Romero ainda ressalta a importância de benefícios e programas sociais relacionados aos idosos , em especial aos que incluem necessidades de renda mínima, inclusão digital e também escolaridade.
Limitações e problemas da população idosa na pandemia
A pesquisa ainda apontou que 87,8% dos idosos fizeram isolamento social intenso durante esta pandemia. Além disso, continuaram trabalhando normalmente durante este período 66,6% deles, o que colaborou para os dados de que 12,2% não fizeram o isolamento social ou então não fizeram com intensidade.
Quanto a limitações ou doenças físicas relacionados a população idosa que participou da pesquisa em que este estudo foi feito, 58% apresentaram alguma doença crônica que não é transmissível, como:
- Câncer;
- Hipertensão;
- Doenças do coração;
- Doenças respiratórias;
- Diabetes.
Para Dalia Elena Romero, muitos dos impactos sentidos na população mais idosa tem relação com a deterioração do Sistema Único de Saúde (SUS) e que muitas internações hospitalares e recursos utilizados para isso poderiam ter sido poupados, desde que se tivesse uma atenção básica de saúde melhor para as famílias brasileiras.
Em relação aos problemas emocionais vividos pela população idosa durante a pandemia, mais da metade revela sentir sentimento de solidão frequentemente por conta do distanciamento social e das restrições que acontecem nesse período.
Esse dado acaba sendo ainda maior considerando a população do sexo feminino, que representa 57,8% dos casos. Esse número corrobora para o aumento de casos de depressão ou tristeza profunda.
Em suma, vale salientar que nessa mesma pesquisa, apontou-se que 32,3% da população de baixa renda apresentam tristeza ou depressão recorrente. Assim como nos dados referente à solidão, que foi citado anteriormente, os casos de tristeza e depressão estão em maior grau em mulheres, que correspondem a 35,1%.