De acordo com informações oficiais do Banco Central do Brasil (BCB), as alterações das condições financeiras globais tornam as economias sujeitas a riscos de descontinuidade na recuperação econômica.
Sendo assim, em diversos países, as taxas de inflação ao consumidor seguem pressionadas principalmente pelos preços de energia e de alimentos, impactados por desvalorizações cambiais ocorridas desde o ano passado e por desarranjos na oferta.
Recuperação econômica: as alterações das condições financeiras globais tornam as economias sujeitas a riscos de descontinuidade
Esses e outros fatores, como o impacto das políticas de apoio à renda sobre o consumo e a progressiva redução das restrições ao funcionamento de alguns setores de serviços, têm contribuído para a aceleração tanto dos índices de inflação quanto de seus núcleos, explica o Banco Central do Brasil (BCB).
Da mesma forma, em diversos países, houve elevação expressiva das expectativas de inflação do próximo ano, que já se situam, em alguns casos, acima do centro da meta de inflação.
Elevação de juros e alta volatilidade
Sendo assim, em resposta a esse cenário, os bancos centrais de importantes economias emergentes, em particular da América Latina e da Europa, continuaram elevando suas taxas de juros. Em síntese, desde o último Relatório de Inflação, a recuperação da economia global observada ao longo do ano prosseguiu, porém sujeita a descontinuidades, com grande dispersão setorial e regional, além de alta volatilidade.
Dentro desse delicado cenário, os efeitos da elevação de preços de commodities, dos gargalos na cadeia produtiva, da reabertura das economias e da alteração de preços relativos ainda não dão sinais consistentes de dissipação, o que segue se refletindo sobre as expectativas e as taxas de inflação em economias emergentes e avançadas.
O cenário externo prossegue com elevado grau de incerteza
O Banco Central do Brasil (BCB) informa que os bancos centrais têm reagido a esta deterioração no cenário inflacionário com elevações nas taxas de juros e ajustes nas políticas acomodatícias não convencionais. O cenário externo prossegue com elevado grau de incerteza.
Embora o ritmo de vacinação tenha se acelerado, anúncios de medidas de restrição à mobilidade anunciadas nas últimas semanas, ainda que localizadas em alguns países ou regiões, evidenciam que o risco de novas ondas ou variantes continua, avalia o Banco Central do Brasil (BCB).
Aperto acentuado das condições monetárias globais
Dessa forma, com a persistência da alta recente da inflação e o início do processo de normalização das condições monetárias nos principais países avançados, outro risco relevante vindo do cenário externo é o de um aperto acentuado das condições monetárias globais e de reprecificação de ativos financeiros.
Com isso, o apetite por ativos de maior risco pode se reduzir, especialmente daqueles países com maiores fragilidades fiscais e perspectivas menos favoráveis de crescimento econômico. Esse cenário pode tornar o ambiente desafiador para países emergentes, define o Banco Central do Brasil (BCB) em sua análise oficial, conforme divulgado em seu último Relatório Oficial de Inflação.