Quase metade (49%) das fintechs – startups que aplicam tecnologia e inovação a produtos e serviços financeiros – receberam investimentos nos últimos anos no Brasil. A maior parte desses recursos vieram de investidores-anjo (41,8%). É o que mostra a pesquisa “Mapeamento Fintech 2022”, elaborada pela Deloitte, consultoria de serviços profissionais do mundo, junto com a Abstartups (Associação Brasileira de Startups).
Somente 10,5% ainda não conseguiram um investidor. Dessas, a maioria (72%) está se preparando para buscar esses recursos no mercado.
De acordo com o levantamento, existem 204 fintechs ativas no Brasil. Desse total, mais da metade foi criada entre 2019 e 2021. Cerca de 20,6% têm cinco anos ou mais de fundação. Praticamente um terço das fintechs brasileiras está na fase de tração (32,8%), última etapa antes da consolidação no mercado. A grande maioria (96%) têm até 100 colaboradores na equipe, sendo que mais da metade (51,4%) conta com no máximo 10 funcionários.
Mais da metade das fintechs estão concentradas na região Sudeste (52%), em seguida vem o Sul (27,5%), Nordeste (13,2%), Centro-Oeste (3,9%) e Norte (3,4%). São Paulo (39,2%), Santa Catarina (14,7%) e Minas Gerais (8,8%) são os três estados mais representativos. Entre as cidades, destaque para as capitais São Paulo (26,0%), Florianópolis (5,9%) e Curitiba (5,9%). Campinas, Joinville e Uberlândia são os únicos municípios não capitais que aparecem no ranking das 10 cidades com mais fintechs.
Como as fintechs lucram
O principal modelo de negócios dessas startups é a taxa sobre transações (39,7%), mas destacam-se também o modelo SaaS (29,4%) – ou software como serviço, na tradução da sigla – e o marketplace (10,8%). Em 2020, 77,5% das fintechs tiveram faturamento, sendo que 23,1% acima de R$ 1 milhão. Já 22,5% não tiveram ganhos no período.
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O público-alvo de 46,1% das fintechs são outras empresas (B2B). Já 42,2% trabalham com empresas e consumidor final (B2B2C). Outras 9,3% estão focadas somente no consumidor final (B2C) e 2,5% no modelo peer-to-peer (P2P), que é um sistema que proporciona negócios entre pessoas.
Ainda conforme a pesquisa, 15% possuem negócios no exterior e 14% têm alguma patente. Mais da metade (51%) já pivotoram a empresa, ou seja, reinventaram o negócio, aproveitando sua estrutura e ideia inicial.
A maioria das fintechs mapeadas (94%) já se relacionou com players do mercado, sobretudo com hubs de inovação (32,9%) ou corporates (27,4%), o que é visto como um caminho estratégico para elas.
As fintechs brasileiras atuam, principalmente, com serviços de backoffice (21,57%), crédito (21,08%) e meios de pagamento (21,08%). Outras 16,18% têm como oferta principal serviços digitais, 12,75% tecnologia, 3,92% investimento e menos de 2% trabalham com gestão de ativos (1,96%), negociação (0,98%) e compliance e gestão de risco (0,48%).
Investidor-anjo é a principal fonte de investimento
Como já dito, das 49% de fintechs que receberam investimentos, 41,8% foram de investidores-anjo, um tipo de investimento que dá direito à uma participação societária na empresa. Outros tipos de investimento foram de seed (22%) e de programas de aceleração (20,3%).
O investidor ou grupo de investimento, geralmente, é do mesmo estado ou cidade de origem da fintech (53,6%). Já 32,3% vêm de outro estado e 14,1% de outro país. Entre as fintechs mapeadas, mais da metade (55,6%) obteve investimentos de mais de R$ 1 milhão.
Entre as fintechs que ainda não receberam investimento, a maioria (72%) está em busca de capital para se desenvolverem. Entre as que ainda não receberam investimento, 45,7% disseram que estão se preparando para buscar esses recursos no mercado, 18,1% estão na fase inicial ou já realizaram bootstrapping (começaram o negócio sem apoio de investidor), e 10,5% afirmaram que estão buscando investidores para o negócio, mas ainda não conseguiram.
Metodologia e amostra
A pesquisa “Mapeamento Fintech 2022” foi elaborada com base em dados autodeclarados por meio de preenchimento de formulários de pesquisa ou extraídos da StartupBase, base de dados do ecossistema brasileiros de startups mantido pela Abstartups. Para a pesquisa, optou-se por uma metodologia quantitativa e descritiva na forma de levantamento. Os percentuais apresentados têm nível de confiabilidade de 95% e erro amostral de 5%.