O Governo Federal aparentemente não contava com a possibilidade de pagar um Auxílio Emergencial neste ano de 2021. E a prova disso é o texto original do Orçamento do próprio Governo para este ano. Neste projeto, não há nenhuma menção ao programa que existiu no ano passado.
De acordo com informações da imprensa e do Congresso Nacional, esse texto não parecia contar com a possibilidade de continuidade da pandemia. Isso porque, além de não falar do Auxílio, o Governo também não previa a necessidade de se prorrogar o programa de redução do salário e suspensão de contrato.
Ainda de acordo com o texto original, o Governo também não previa gastos extraordinários com saúde pública. Não há qualquer menção ao uso do dinheiro público para emprego em hospitais de campanha, por exemplo. Os especialistas alertavam que a doença não tinha chegado ao fim no ano passado.
E foi justamente isto o que aconteceu. Os números da pandemia pioraram muito no início deste ano e o Brasil vive agora o pior momento da doença até aqui. Com novas variantes, o país registra mais de 390 mil mortes em decorrência do coronavírus desde o início do período pandêmico até aqui.
Com isso, o Governo teve que mudar completamente o seu planejamento orçamentário para este ano. O Palácio do Planalto teve que liberar mais R$ 44 bilhões para os pagamentos do Auxílio Emergencial. Além disso, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que prepara a volta do programa de redução do salário e suspensão do contrato.
“Bronca” da imprensa
O jornal O Estado de São Paulo falou justamente sobre esse tema em seu editorial desta terça-feira (27). Neste editorial, eles atacam diretamente o Governo Federal. Entre outras coisas, eles dizem que o Presidente Jair Bolsonaro teria culpa pelo atraso e pela dificuldade de aprovação dessas novas rodadas do Auxílio. Isso porque, ainda segundo o jornal, “faltou planejamento”.
“Trocando em miúdos, o Orçamento deste ano, aprovado com três meses de atraso, não reflete em nenhum momento a necessidade de investimentos pesados para enfrentar os múltiplos efeitos da pandemia, o que demonstra grosseiro erro de planejamento”, diz o editorial.
“Bem de acordo com a irresponsabilidade de Bolsonaro, fará tudo de cambulhada, ao sabor das conveniências políticas e eleitoreiras do presidente e do Centrão. Nesse meio tempo, o único investimento sólido do governo será, como sempre, em desculpas esfarrapadas”, completa o texto de O Estado de São Paulo.
O que diz o Governo sobre o Orçamento
O Palácio do Planalto não respondeu diretamente aos comentários do jornal. No entanto, membros do Governo estão dizendo que o poder executivo está fazendo o possível para ajudar as pessoas nesta situação. Eles dizem, por exemplo, que Bolsonaro está liberando bilhões para o combate à pandemia neste momento.
O Ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil demorou para pagar o Auxílio por uma questão de respeito com as contas públicas. De acordo com ele, o Governo cedeu quando viu que a situação da doença não estava melhorando por aqui.
O próprio Guedes, aliás, disse que o Auxílio Emergencial pode ter mais do que quatro parcelas. No entanto, o Ministro deixou claro que isso só vai acontecer se a pandemia apresentar uma piora nos seus números. Hoje, o que se sabe é que o Governo vai pagar quatro parcelas de valores que variam entre R$ 150 e R$ 375.