Professores reclamam que trabalham o dobro com ensino híbrido
Escolas particulares da capital do Amazonas foram as primeiras do país a recomeçarem as aulas. Professores precisam ministrar, ao mesmo tempo, aulas pela internet e presenciais
Garantir o aprendizado com o ensino híbrido, quando as aulas são presenciais e online ao mesmo tempo, tem sido o maior desafio enfrentado por professores após a reabertura de escolas particulares em Manaus. “Agora, precisamos trabalhar em dobro”, descreveu uma educadora. A capital amazonense foi a primeira do país a reabrir escolas e, nesta quinta-feira (6), completa um mês que as instituições voltaram a receber alunos presencialmente.
As atividades presenciais em escolas privadas e públicas estavam suspensas desde março por conta da pandemia do novo coronavírus, que já infectou mais de 103 mil pessoas no Amazonas. O governo estadual autorizou a reabertura das instituições privadas em 6 de julho, e anunciou para o dia 10 de agosto o retorno das aulas nas escolas públicas da capital.
A vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas (Sinepe-AM), Laura Cristina Vital, contou à matéria do G1que 70% das escolas particulares, das 250, já estão funcionando, de forma híbrida. Ela informou que esse novo modelo de ensino alterou a jornada de trabalho dos professores.
“Se for fazer um comparativo entre o antes e o depois da pandemia, com relação ao pedagógico, trabalhar as aulas com as turmas completas era bem melhor. Tínhamos a presença de todos os alunos. Agora, precisamos trabalhar de forma duplicada, de forma redobrada. De um, a gente virou quatro”, explicou Laura Cristina, que também é gestora da escola particular Meu Caminho.
Barreiras acrílicas entre as cadeiras dos alunos, tapete antisséptico para limpeza dos sapatos e cumprimentos apenas por meio de sinais, para simbolizar abraços, fazem parte do ‘novo normal’ adotado pelas instituições.
A mesma dificuldade também foi sentida por educadores dos colégios particulares Pinocchio e Martha Falcão. O diretor de marketing das instituições, Nelson Falcão, informou que os professores também avaliaram que o formato híbrido é um dos principais desafios das aulas durante a pandemia.
“É um novo protocolo diante da pandemia, e isso, sem dúvida alguma, tem sido o mais difícil. O professor está dentro da sala de aula e enquanto ministra aula para os alunos de forma presencial, precisa também prender a atenção dos alunos que optaram por estudar em casa”, explicou.
Enquanto as aulas estavam suspensas, a maioria das instituições privadas ofertaram atividades pela internet para os estudantes. O Governo do Amazonas transmite, desde março, aulas em canais abertos de televisão por meio do projeto ‘Aula em Casa’, que atende os alunos da rede pública do Estado e do Município.
‘Novo normal’ nas salas de aula
Na época da reabertura das escolas privadas, a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) divulgou uma cartilha com 68 normas e recomendações para o retorno gradual das atividades educacionais. Dentre elas, a lotação das salas limitada a 50% da capacidade com distanciamento entre cadeiras, rodízio entre alunos nas escolas, disponibilização de álcool em gel e uso obrigatório de máscaras.
Apesar das recomendações, cada escola privada foi autorizada a adotar medidas particulares, conforme necessidade e realidade das instituições. Segundo a gestora da escola ‘Meu Caminho, Laura Cristina Vidal, um infectologista chegou a ser consultado para a adoção das medidas.
Agora, antes de iniciar as aulas, os estudantes do Ensino Fundamental leem uma cartilha com instruções de cuidados contra o novo coronavírus. Além disso, segundo Laura, um tapete de sanitização, encharcado com sabão líquido, foi colocado na porta de entrada da escola, para que todos possam limpar os pés antes de entrar nas salas.
Outra medida foi a instalação de barreiras acrílicas nas salas de aulas com alunos de 4 a 6 anos de idade, para manter o distanciamento entre eles. A adesivagem informando sobre o distanciamento social e com demarcação de distância entre carteiras também foi feita para orientar os estudantes.
Símbolos que expressam afetividade entre os colegas também foram criados para enfrentar o momento de forma lúdica e manter o distanciamento. Braços cruzados no peito, por exemplo, simbolizam um abraço entre eles.
Nos colégios Pinnóchio e Martha Falcão, também houve a instalação de tapete antisséptico e os alunos foram orientados sobre o uso de meias antiderrapantes, para que pudessem andar pelas escolas sem os sapatos. Um mascote também criado pelas instituições para acompanhar os alunos de forma lúdica e incentivar a adoção das medidas de prevenção.
As escolas também medem a temperatura dos alunos. Caso o estudante ou qualquer funcionário estiver com a temperatura a partir de 37 graus, ele não entra na escola, segundo, Nelson Falcão.
A rede de escolas Idaam, uma das maiores da capital, decidiram retornar com as aulas presenciais no dia 20 de julho. Segundo a diretora pedagógica da instituição, Célia Carrara, apenas 50% da turma comparece às aulas presenciais, em forma de revezamento.
Dentre as medidas adotadas pela escola, estão: sanitização semanal da escola; abertura de portas e janelas antes e depois de cada aula; higienização constante de superfícies e uso obrigatório de toucas, máscaras, luvas e viseiras de proteção facial pelos alunos e funcionários.
Segundo a gestora da instituição, a equipe pedagógica tem que passar por testes de Covid-19 constantemente. Houve a instalação de totens de álcool em gel e tapetes sanitizantes, e o horário de entrada e saída das turmas foi reorganizado para evitar aglomeração nas dependências da escola. *As informações são do G1.