Com falta de componentes eletrônicos, a produção de veículos no Brasil recuou 21,9% no mês de agosto, em comparação ao mesmo período do ano passado. No total, 164 mil unidades foram montadas no mês de agosto, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, com uma leve alta de 0,3% em comparação a julho.
As linhas de carros de passeio estão sendo as mais prejudicadas pela escassez mundial de componentes eletrônicos. Nesse contexto, a produção de veículos desse tipo registrou o pior número do mês de agosto nos últimos 18 anos. Foram produzidos um total de 119 mil unidades desses veículos.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (8) pela Anfavea, entidade que representa as montadoras. Agora, a entidade registra, na soma de todas as categorias, um crescimento de 33% da produção do setor desde o início do ano. De janeiro a agosto, a indústria automotiva produziu 1,48 milhão de veículos.
Impactos no setor de produção de veículos
Por conta da falta de carros nas concessionárias, as vendas caíram 5,8% em agosto, na comparação com o mesmo período de 2020, embora ainda exista demanda. O número de vendas é o mais baixo no mês de agosto nos últimos 16 anos, com total de 172,8 mil unidades vendidas.
Sendo assim, desde o início do ano, o total de veículos vendidos chega a 1,42 milhão, o que representa 21,9% a mais do que nos oito primeiros meses de 2020. Em relação ao contexto deste período, as vendas foram fracas em razão do impacto da pandemia, que vem diminuindo aos poucos.
Em relação às exportações, que têm a Argentina como principal destino, o balanço seguiu positivo no mês passado. Dessa maneira, as exportações tiveram alta de 5,5%, em comparação com o mês de agosto de 2020, e aumento de 23,9% na variação mensal. As montadoras embarcaram 29,4 mil veículos em agosto, levando o total exportado desde janeiro para 253,3 mil unidades: crescimento de 43,5%.
Além disso, a Anfavea segue sem divulgar os resultados dos fabricantes de tratores e máquinas de construção, que também são sócios da entidade. Isto pois, em razão do desligamento da John Deere da associação, a entidade vem revisando toda a série estatística do setor.
Locadoras buscam carros usados em concessionárias
As locadoras, principais clientes cativos da indústria automobilística, começam a buscar alternativas de fornecimento de veículos. Nesse contexto, essas empresas estão recorrendo às concessionárias e até ao mercado de modelos usados para renovar suas frotas. Normalmente, essas empresas compravam carros com altos descontos.
Isto acontece mesmo com o movimento que começou recentemente de devolução de carros alugados por parte de motoristas de aplicativos. O motivo é o alto preço da gasolina. O presidente da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), Paulo Miguel Júnior, diz que faltam produtos nas empresas por dificuldades na produção devido à falta de semicondutores.
Segundo o presidente, foram devolvidos até agora cerca de 30 mil veículos. Em 2020, quando as pessoas ficaram isoladas em casa em razão da pandemia, cerca de 160 mil carros de aplicativos voltaram para as locadoras. Essa “perda”, diz o executivo, foi recuperada ainda no ano passado.