A produção industrial brasileira encolheu 0,2% em fevereiro de 2023, na comparação com janeiro. Esse foi o terceiro resultado negativo e fez a indústria continuar abaixo do nível de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19.
Em resumo, a atividade industrial do país está 2,6% abaixo do nível pré-pandemia. Isso quer dizer que as perdas provocadas pela crise sanitária na produção industrial do país ainda não foram recuperadas.
Além disso, vale destacar que a produção industrial brasileira está 19% abaixo do nível recorde registrado em maio de 2011. Aliás, o resultado ficou ainda mais distante após a queda registrada em fevereiro, visto que a redução estava em 18,8% no mês anterior.
Todos esses dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série histórica teve início em janeiro de 2002 e, de lá pra cá, informa o desempenho da produção industrial do país mensalmente.
Queda da produção industrial não fica disseminada
De acordo com a PMI, nove dos 25 ramos industriais registraram resultados negativos em fevereiro. Da mesma forma, duas das quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE também fecharam o mês em queda, na comparação com janeiro.
“Embora a produção industrial tenha mostrado alguma melhora no fim do ano passado, este início de 2023 apresenta perda na produção, permanecendo longe de recuperar as perdas do passado recente“, analisou o gerente da pesquisa, André Macedo.
No mês de fevereiro deste ano, os setores que exerceram os maiores impactos negativos na produção industrial brasileira foram:
- Produtos alimentícios: -1,1%;
- Produtos químicos: -1,8%;
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: -4,5%.
“Entre os alimentos, alguns dos destaques negativos vieram da menor produção de carnes de bovinos, aves e suínos, sucos e derivados da soja. A queda observada na produção de carne bovina teve a influência da suspensão das exportações para a China por conta do mal da vaca louca no final do mês de fevereiro“, disse Macedo.
No caso dos produtos químicos, a queda foi a terceira consecutiva e a mais intensa, sucedendo os recuos de dezembro de 2022 (-0,7%) e janeiro (-1,5%).
Já em relação aos produtos farmoquímicos e farmacêuticos, a atividade passou a acumular perda 16,9% em 2023.
O IBGE destacou que outras atividades deram contribuições relevantes para a queda da produção industrial em fevereiro, como máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,5%) e produtos de metal (-1,4%).
Atividades limitaram queda da indústria
Embora a produção industrial tenha caído em fevereiro, a 16 dos 25 grupos pesquisados fecharam o mês em alta. Entretanto, nem mesmo isso impediu a queda da indústria no mês, mas vale destacar as atividades que limitaram o recuo em fevereiro.
Confira abaixo os setores com os maiores impactos positivos na indústria brasileira:
- Indústrias extrativas: +4,6%;
- Bebidas: +3,6%
- Produção de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis: +0,5%;
- Impressão e reprodução de gravações: +11,2%;
- Produtos diversos: +4,0%;
Na realidade, as indústrias extrativas exerceram a maior influência positiva no mês, assim como aconteceu em janeiro. Aliás, o avanço foi ainda mais intenso que o registrado no mês anterior, quando a atividade cresceu 3,4%.
Esses resultados interromperam dois meses de queda da atividade, período em que acumulou perda de 8,0%. Segundo André Macedo, dois fatores vêm ajudando as indústrias extrativas a apresentarem dados positivos: base depreciada e crescimento do petróleo e do gás natural.
Outras duas atividades também ajudaram a reduzir a queda da indústria brasileira em fevereiro: metalurgia (0,8%) e produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (2,0%).
Produção industrial encolhe em um ano
Além do recuo mensal, a produção industrial também registrou uma taxa negativa na base anual. Em suma, a indústria brasileira encolheu 2,4% em relação a fevereiro de 2022.
O mesmo resultado também foi registrado por duas das quatro grandes categorias econômicas, bem como por 17 dos 25 ramos, 57 dos 80 grupos e 56,8% dos 789 produtos pesquisados pelo IBGE.
A propósito, vale citar que fevereiro de 2023 teve 18 dias úteis, um dia útil a menos do que fevereiro de 2022 (19). Na base anual, os principais impactos negativos vieram de:
- Produtos químicos: -8,0%;
- Produtos alimentícios: -3,8%;
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: -6,1%;
- Máquinas e equipamentos: -9,0%.
Entre as oito atividades que cresceram em um ano, o destaque foi novamente as indústrias extrativas (5,1%), que exerceram a maior influência sobre a média da indústria. Na prática, o aumento da produção dos itens minérios de ferro e óleos brutos de petróleo impulsionou a atividade.
Por fim, as seguintes atividades também promoveram contribuições positivas na base anual: de bebidas (8,2%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,6%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (6,7%).