Primeira vacinada contra Covid-19 no Brasil relata ataques racistas: “macacos vacinados”
A primeira pessoa vacinada contra Covid-19 no Brasil, a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, relatou ter sofrido ataques racistas nas redes sociais após ser imunizada no dia 17 de janeiro em evento no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.
Em entrevista ao programa Profissão Repórter, da TV Globo, exibido nesta terça (23), Mônica disse que foi atacada nas redes sociais por pessoas que sequer a conhecem.
“Me atacaram sem me conhecer. Uma pessoa disse que se os macacos continuarem a ser vacinados, não vai sobrar vacina para os humanos”, contou a enfermeira ao Profissão Repórter pouco antes de receber a segunda dose da CoronaVac no dia 12 de fevereiro.
Mônica também recebeu ataques insinuando que ela, na verdade, seria uma atriz contratada pelo governo paulista para promover a vacinação com a CoronaVac.
“Estou aqui por uma classe. Sou enfermeira. Tenho muito orgulho da minha profissão. Quero deixar claro que não sou atriz. Me falaram que estava atuando. Em um momento com tantas mortes, não tem atuação teatral. É uma realidade que todos estamos vivendo”, afirmou Mônica.
“Basicamente, agora sou uma pessoa pública. Esses ataques, fotos etc., não estou dando importância para isso porque tenho muito mais coisa para dar importância. Estou dando importância para quem está me parabenizando”, disse a enfermeira.
Mônica Calazans foi parabenizada após vacinação contra Covid-19
Apesar dos ataques racistas sofridos nas redes sociais, a primeira vacinada contra Covid-19 no Brasil também recebeu elogios e mensagens de parabéns. O responsável por filtrar as mensagens dirigidas a enfermeira, é o filho dela.
“Meu filho está deletando (as ofensas). É como se ele estivesse me blindando. Ele filtra só o que é bom”, conta Mônica.
A enfermeira, inclusive, foi homenageada por artistas como o ilustrador Cristiano Siqueira, que retratou Mônica Calazans como um símbolo de defesa do SUS (Sistema Único de Saúde), e se diz orgulhosa por ter sido a primeira vacinada no país.
“Falaram que eu era cobaia de uma pesquisa de vacina. Aprendi com uma pessoa, no dia da vacinação, que sou participante de pesquisa e estou muito orgulhosa de tudo isso, porque meu nome está no mundo inteiro”, disse Mônica após tomar a primeira dose da CoronaVac.