Nos últimos três anos, o crescimento da atividade econômica brasileira superou tanto as estimativas de mercado quanto as do próprio governo, conforme destaca o Ministério da Economia (ME).
Partindo dessa constatação, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia (SPE/ME) investiga uma série de indícios de que há uma alteração na tendência de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que ainda não é capturada de forma plena pelos modelos de predição do mercado.
O Ministério da Economia (ME) destaca que, segundo a ‘Nota Informativa – Fundamentos para o maior crescimento econômico’, os modelos de projeção tendem a incorporar com grande defasagem essas mudanças estruturais que transparecem em alguns vetores, além dos erros de projeção.
Como a elevação na taxa de investimento, a maior participação de bens de capital nas importações, a realocação do emprego, seja pela elevação da participação do emprego formal ou pela maior contribuição de setores como tecnologia de informação e serviços técnico-profissionais, que têm maior produtividade.
Começando pelos erros de projeção, a SPE avalia que é possível que a diferença superior a dois desvios-padrão do valor realizado e da mediana projetada pelo mercado, por três anos consecutivos, indiquem alteração da tendência de crescimento, conforme indicado em artigos acadêmicos, enfatiza o Ministério da Economia (ME).
Para ilustrar essa diferença recorde entre o PIB projetado e o realizado, a SPE lembra que, em março de 2022, a projeção mediana para o crescimento do ano capturada pelo boletim Focus, do Banco Central, era de apenas 0,3%, contra prognóstico de 1,5% da SPE. Atualmente, a mediana de mercado é de 2,76%, já acima dos 2,7% estimados pela Secretaria, ressalta o Ministério da Economia (ME).
A nota destaca o efeito do investimento no crescimento tendencial, período de transição para um novo estado estacionário: “A elevação da taxa de investimento e a maior participação da importação dos bens de capital em razão do PIB tendem a elevar o crescimento brasileiro.”
Conforme destaca o Ministério da Economia (ME), a taxa de investimento da economia brasileira cresceu de forma consistente nos últimos anos e atingiu 18,7% como proporção do PIB no segundo trimestre de 2022.
De acordo com a SPE, o crescimento de longo prazo não é afetado pela elevação da taxa de investimento. No entanto, o aumento desse indicador proporciona maior crescimento no período de transição para o maior nível de produto por trabalhador.