O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,55% em janeiro deste ano. Na comparação com dezembro do ano passado, o indicador teve leve aceleração, visto que sua variação havia sido de 0,52% no último mês de 2022. A saber, este índice é considerado a prévia da inflação oficial do Brasil.
A saber, o principal objetivo do IPCA-15 é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento, divulgou as informações nesta terça-feira (24). E o resultado veio levemente acima do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma inflação de 0,52% em janeiro.
Com o acréscimo deste resultado, a variação acumulada pelo IPCA-15 nos últimos 12 meses desacelerou de 5,90% para 5,87%. Embora tenha recuado, a taxa segue acima da meta central definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2023, de 3,25%. No entanto, vale destacar que a taxa poderá desacelerar ainda mais ao longo do ano.
Aumento dos preços fica disseminado
O IBGE revelou que todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta em seus preços em janeiro, impulsionando a prévia da inflação no mês. Isso mostra que o aumento dos preços ficou bastante disseminado no primeiro mês de 2023.
Aliás, confira abaixo a variação registradas pelos grupos pesquisados pelo IBGE:
- Comunicação: 2,36%
- Saúde e cuidados pessoais: 1,10%
- Despesas pessoais: 0,57%
- Alimentação e bebida: 0,55%
- Vestuário: 0,42%
- Artigos de residência: 0,38%
- Educação: 0,36%
- Transportes: 0,17%
- Habitação: 0,17%
De acordo com o IBGE, os grupos que exerceram os maiores impactos em janeiro foram saúde e cuidados pessoais e alimentação e bebidas, que influenciaram a prévia da inflação em 0,14 e 0,12 ponto percentual (p.p.), respectivamente.
Em suma, cada grupo possui um peso diferente na composição do IPCA-15. Isso porque eles impactam de maneiras diferentes a renda das famílias, ou seja, a variação da inflação também se baseia nesse fator. Por isso que nem sempre os grupos com as maiores altas exercem também os maiores impactos na prévia da inflação.
A saber, o grupo comunicação teve a maior alta mensal entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados. Embora a taxa tenha superado em várias vezes a variação registrada pela maioria dos demais grupos, o impacto que o grupo provocou no IPCA-15 foi apenas o terceiro maior, de 0,11 p.p.
Inflação sobe em todos os locais pesquisados
Em janeiro, o indicador se manteve em patamar bastante semelhante ao do mês anterior. Segundo o IBGE, todos os locais pesquisados registraram aumento no preço dos produtos e serviços. Em outras palavras, os brasileiros tiveram que gastar mais para adquirir itens ou contratar serviços neste mês.
Em resumo, o IPCA-15 analisa a variação dos preços em nove regiões metropolitanas do país: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Além destas, a coleta de dados também acontece em Brasília e no município de Goiânia.
“A maior variação foi em Belo Horizonte (0,92%), influenciada pelas altas em higiene pessoal (2,65%), taxa de água e esgoto (5,85%) e batata-inglesa (23,18%). O menor resultado foi no Rio de Janeiro (0,23%), onde pesaram as quedas da energia elétrica (-4,82%) e da cebola (-20,18%)”, explicou o IBGE.
A saber, a variação do grupo saúde e cuidados pessoais (1,10%) acelerou em relação a dezembro (0,40%). Isso aconteceu, principalmente, por causa da alta nos preços dos itens de higiene pessoal (1,88%), que haviam subido apenas 0,04% em dezembro.
“Além disso, os planos de saúde (1,21%) repetiram a variação do mês anterior, refletindo a incorporação da fração mensal dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023”, destacou o IBGE. Isso sem falar nas altas dos preços de perfume (4,24%) e produtos para pele (3,85%).
Já no grupo alimentação e bebidas, que exerceu o segundo maior impacto na prévia da inflação de janeiro, o destaque ficou com a alta de 0,61% nos preços dos alimentos para consumo no domicílio. Em síntese, os itens que impulsionaram esse avanço foram batata-inglesa (15,99%), tomate (5,96%), arroz (3,36%) e frutas (1,74%).
Por outro lado, a cebola (-15,21%) e o leite longa vida (-2,04%) registraram quedas firmes em seus preços, limitando a variação do grupo no mês.
Combustíveis limitam prévia da inflação
Apesar de os preços do grupo transportes também terem subido em janeiro (0,17%), o destaque ficou com a desaceleração registrada, visto que haviam subido 0,85% em dezembro. Em resumo, isso aconteceu por causa da queda de 0,58% nos preços dos combustíveis.
O resultado ficou negativo devido às quedas nos preços do óleo diesel (-3,08%), da gasolina (-0,59%) e do gás veicular (-0,40%). Em contrapartida, o etanol ficou 0,51% mais caro no país, assim como o subitem emplacamento e licença (1,61%), que incorporou a fração mensal referente ao IPVA de 2023, segundo o IBGE.
Vale lembrar que o preço da gasolina despencou 25,78% em 2022, enquanto a tarifa de energia elétrica acumulou uma queda de 19,01% no ano. Caso o IBGE não considerasse esses itens, a inflação no Brasil teria subido 9,56% em 2022, em vez de 5,79%.