Prévia da Inflação PERDE FORÇA em outubro, revela IBGE
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do Brasil, subiu 0,21% em outubro. O resultado indica desaceleração da taxa em relação a setembro, quando a prévia havia subido 0,35%.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento, os consumidores tiveram que gastar um pouco mais em outubro para continuar com os mesmos hábitos de consumo, até porque desaceleração não quer dizer queda, mas apenas que a inflação subiu menos que em setembro.
Também vale destacar que o IPCA-15 veio levemente acima do esperado. A saber, a mediana das projeções dos analistas indicava uma variação de 0,20%, mas a prévia da inflação veio levemente acima dessa taxa (0,21%).
Cabe salientar que o principal objetivo do IPCA-15 é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos“, segundo o IBGE.
IPCA acumulado em 2023
Com o acréscimo do resultado de setembro, o IPCA-15 passou a acumular uma alta de 3,96% em 2023, acima da taxa observada em setembro (3,74%). Já no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação no Brasil acelerou de 5,00%, em setembro, para 5,05%. A propósito, inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços.
Com a aceleração registrada no acumulado anual, o IPCA-15 se afastou ainda mais da meta central definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para a inflação do Brasil em 2023, de 3,25%. Além disso, a taxa também ficou acima do limite de 1,5 ponto percentual definido pelo CMN.
Para quem não sabe, a inflação pode variar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo em relação à meta central definida. Mesmo que isso aconteça, a inflação ainda vai cumprir a meta estabelecida.
Em outras palavras, a taxa inflacionária no Brasil poderá chegar até 4,75% em 2023 que não irá estourar a meta definida pelo CMN. Valores acima dessa marca representam estouro da inflação, e isso deverá acontecer, caso a inflação continue acelerando nos últimos meses deste ano.
Variação dos preços em outubro
O IBGE revelou que sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram aumento dos seus preços em outubro, puxando a inflação do Brasil para cima.
Confira abaixo quais foram os grupos pesquisados pelo IBGE cujos preços subiram:
- Transportes: 0,78%;
- Vestuário: 0,33%;
- Despesas pessoais: 0,31%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,28%;
- Habitação: 0,26%;
- Educação: 0,07%;
- Artigos de residência: 0,05%.
De acordo com o IBGE, o grupo transportes exerceu novamente o maior impacto no IPCA-15, de 0,16 ponto percentual (p.p.). Contudo, a influência foi bem menor que o observado em setembro, quando o grupo impactou a inflação em 0,41 p.p.
Em suma, o principal item que impulsionou a inflação do grupo no mês foi passagem aérea, cujos preços saltaram 23,75%, impactando a inflação em 0,16 p.p. Outros dois itens também tiveram alta no mês: transporte por aplicativo (5,64%) e emplacamento e licença (1,64%).
Por outro lado, os combustíveis ficaram 0,44% mais baratos, graças às quedas nos preços da gasolina (-0,56%), do etanol (-0,27%) e do gás veicular (-0,27%). De modo diferente, o óleo diesel ficou 1,55% mais caro em outubro.
Preços de dois grupos caem em outubro
Neste mês, os preços de dois grupos caíram, aliviando um pouco o bolso dos brasileiros. Veja quais foram:
- Alimentação e bebidas: -0,31%;
- Comunicação: -0,29%.
Em síntese, o grupo alimentação e bebidas exerceu novamente o maior impacto negativo na prévia da inflação, assim como ocorreu em setembro. O grupo influenciou em -0,07 p.p. a prévia da inflação, limitando o avanço do IPCA-15 no mês. O recuo foi influenciado pela alimentação no domicílio, cujos preços caíram 1,25%.
Veja abaixo os alimentos que ficaram mais baratos no Brasil em setembro:
- Leite longa vida: -6,44%;
- Feijão-carioca: -5,31%;
- Carnes: -0,44%.
Já a alimentação fora do domicílio desacelerou em relação a setembro, passando de 0,46% para 0,21%. O preço do lanche caiu 0,11%, mas a refeição ficou 0,22% mais cara.
Inflação sobe em 8 dos 11 locais pesquisados
Neste mês, o IPCA-15 subiu devido ao aumento dos preços na maioria dos locais pesquisados pelo IBGE. Contudo, a taxa desacelerou porque oito dos 11 locais pesquisados registraram preços mais elevados de produtos e serviços, número menor que o de setembro, quando os preços subiram em dez locais.
Em resumo, o IPCA-15 analisa a variação dos preços em nove regiões metropolitanas do país: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Além destas, a coleta de dados também acontece em Brasília e no município de Goiânia.
Veja as taxas de agosto nos locais pesquisados pelo IBGE:
- Goiânia: 0,63%;
- Salvador: 0,40%;
- Brasília: 0,30%;
- Porto Alegre: 0,27%;
- Rio Janeiro: 0,26%;
- Belo Horizonte: 0,21%;
- São Paulo: 0,21%;
- Curitiba: 0,20%;
- Recife: -0,06%;
- Belém: -0,07%;
- Fortaleza: 0,28%.
“Quanto aos índices regionais, oito áreas tiveram alta em outubro. A maior variação foi registrada em Goiânia (0,63%), por conta da alta da passagem aérea (30,33%) e da gasolina (1,86%). Já a menor variação ocorreu em Fortaleza (-0,28%), cujo resultado foi influenciado pela queda nos preços da gasolina (-9,32%)“, explicou o IBGE.