Mudança do Clima: Impactos serão mais severos no Brasil; entenda

De acordo com especialistas em mudanças climáticas, Brasil pode passar a sofrer ainda mais com desastres em breve

Enchentes, ciclones, secas e deslizamentos. Nos últimos meses, você certamente se deparou com notícias sobre desastres naturais como estes no Brasil. Milhares de cidadãos brasileiros já morreram em decorrência desta situação, e de acordo com analistas, a tendência é que a situação de torne ainda pior com o passar dos anos.

Tais especialistas lembram que algumas características fazem do Brasil um país alvo das mudanças climáticas. Podemos citar, por exemplo, duas delas:

  • O Brasil é um país continental;
  • Parte considerável do país está localizado em uma região tropical.

Estes dois pontos nos levam a crer que o futuro próximo do Brasil não tende a ser dos melhores quando o assunto é desastre natural. Ao menos esta é a opinião do coordenador-geral de Ciência do Clima do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Márcio Rojas.

Nesta quarta-feira (25), ele realizou uma palestra no Museu de Astronomia, no Rio de Janeiro, dentro do sistema do projeto Ciência Básica para o Desenvolvimento Sustentável. “Os impactos da mudança do clima que o Brasil vai sentir serão mais severos do que a média global”,  disse Rojas.

Mudança no clima

Ele não está sozinho nesta avaliação. Dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que nos últimos 60 anos, algumas áreas do Brasil já registraram um aumento de 3ºC em relação ao que se era esperado.

Além disso, uma análise feita pela World Weather Attribution, apontou que as mudanças climáticas ajudaram a provocar a onda de calor que estacionou sobre o país no último mês, e que fez as temperaturas dispararem sobretudo na região centro-oeste.

Mudança do Clima: Impactos serão mais severos no Brasil; entenda
Onda de calor bateu com mais força no Centro-Oeste. Imagem: Tânia Rêgo/ Agência Brasil

“solução atrasada” 

E o que o Brasil está fazendo para tentar mudar este cenário? Para a grande maioria dos especialistas as respostas variam entre “nada” e “quase nada”. Na última terça-feira (24), ativistas ambientais e acadêmicos participaram de uma sessão na Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais na Câmara dos Deputados, para falar sobre este tema.

Alguns dos especialistas presentes disseram que o Brasil deveria focar muito mais na pauta interna e trabalhar para “o fortalecimento dos direitos dos povos tradicionais” e “a redução do desmatamento”, em vez de dar atenção para eventos da agenda internacional climática.

“As populações indígenas têm de ter um nível de participação nas esferas de decisão sobre seus territórios, porque elas sabem o que é necessário fazer e elas estão sentindo na pele o decréscimo da pesca e a questão do calor”, disse o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy.

Desastres naturais no país

Os desastres naturais estão se tornando cada vez mais comuns no Brasil hoje. De acordo com dados oficiais, mais de mil municípios brasileiros estão oficialmente em situação de emergência climática. Motivos não faltam. Parte do país sofre com a falta de chuvas, e a outra parte sofre com as fortes secas por longos períodos de tempo.

Os dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional revelam que o país conta agora com sete estados que estão enfrentando os problemas da estiagem ou da seca, e outros sete estão sofrendo com os impactos das chuvas intensas. Mas há ainda um terceiro grupo de mais sete estados que estão sofrendo os dois impactos ao mesmo tempo, em municípios diferentes.

“Eventos que ocorriam um episódio por década, passam para três vezes por década. Em um cenário de aquecimento global de 4 oC, por exemplo, os extremos podem passar a ocorrer anualmente”, explicou Rojas, no evento desta quarta-feira (25).

Ele também defendeu que os efeitos do aquecimento global no Brasil estão relacionados com as ações do homem. “Há relação linear entre a concentração de dióxido de carbono e o aquecimento global”, disse ao apresentar um dos gráficos.

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