A chegada do El Niño no Brasil está preocupando milhões de pessoas. A preocupação não ocorre sem motivo. De acordo com analistas, o impacto do movimento natural no clima interno poderá ter efeito direto no preço de uma série de produtos e serviços. Na prática, os cidadãos precisam começar a se preparar para gastar mais nos próximos meses.
Segundo as informações de analistas, o El Niño causa uma grande alteração na circulação dos ventos na atmosfera. Este efeito vai causar um impacto na distribuição da umidade, fazendo com que haja também um impacto na distribuição das chuvas e no padrão da temperatura de diferentes regiões.
Parte destes efeitos já estão sendo sentidos neste atual inverno. Com a má distribuição da umidade, é natural imaginar que atualmente há mais calor em praticamente todos os estados do Brasil. A tendência, aliás, é de que o movimento tenha um impacto elevado ainda mais com a chegada da primavera e depois do verão.
“O aumento do calor por causa do El Niño é uma preocupação. Talvez a conta de luz aumente para muitas pessoas, não por causa da variação da bandeira tarifária, mas por causa do aumento consumo individual, com maior número de horas de ar condicionado e de ventiladores ligados”, alerta Ana Clara Marques, especialista da Climatempo.
Quais produtos podem ficar mais caros?
De acordo com analistas, diversas áreas podem ser impactadas já a partir das próximas semanas. Veja abaixo:
- Agricultura;
- Atividade Pesqueira;
- Bares e restaurantes;
- Vestuário;
- Setor elétrico;
- Segmento farmacêutico;
- entre outros.
Há, por exemplo, a expectativa de impacto na produção da cana-de-açúcar, e isso pode afetar diretamente os preços dos combustíveis que são consumidos por carros de milhões de brasileiros todos os dias. Analistas indicam ainda que há uma chance de aumento do preço do trigo, o que pode fazer com que o pãozinho se torne mais caro.
Caso este seja mesmo o El Niño mais forte das últimas décadas, também poderá existir um impacto na produção da safra de cereais. Este processo poderá ter consequências diretas nos preços da cerveja. Em entrevista, o vice-presidente da Associação Brasileira de Bares (Abrasel), Leonel Paim, disse que o mercado já está de olho nesta situação.
O El Niño também poderá impactar a conta de luz que é paga pelos cidadãos todos os meses. Como a expectativa é de que o movimento natural cause mais calor em quase todos os estados do país, é provável que as pessoas usem mais equipamentos elétricos, como o ar-condicionado, por exemplo. Com isso, o boleto poderá se tornar mais caro.
ONU diz que El Niño poderá custar vidas
Para além dos efeitos sobre o bolso dos consumidores, analistas afirmam que há ainda uma preocupação maior em relação ao El Niño no Brasil e no mundo. De acordo com uma análise da Organização Meteorológica Mundial (OMN), o fenômeno poderá aumentar as temperaturas globais e quebrar recordes de calor.
Ainda segundo esta mesma fonte, o El Niño tem 60% de chance de ser iniciado até o final deste mês de julho e 80% de probabilidade de perdurar ao menos até o final de setembro. Mas os efeitos do aquecimento poderão ser sentidos por um ano inteiro. E é justamente este ponto que preocupa boa parte da ONU agora.
É neste sentido, que a Organização pediu na manhã desta terça-feira (4) que os governos do mundo inteiro comecem a se organizar para tomarem medidas de forma antecipada com o intuito de salvar vidas.
“(A chegada do El Niño) é um sinal para os governos do mundo se prepararem para limitar os efeitos sobre nossa saúde, nossos ecossistemas e nossas economias”, acrescentou o chefe desta agência especializada da ONU, Petteri Taalas.