De acordo com um levantamento da KBB (Kelley Blue Book) os carros populares no Brasil encareceram mais de 200% em 10 anos. A KBB é uma empresa de avaliação de veículos e pesquisa automotiva.
Nesse sentido, o carro zero quilômetro mais barato à venda no Brasil em 2023 é o Renault Kwid, que é vendido a partir de R$ 68.100,00. Com isso, é possível afirmar que o preço está bem longe do parâmetro de carro popular, termo que foi criado no Governo de Itamar Franco, em 1993, com a proposta de ser acessível para todos os brasileiros.
A critério de exemplo, o Gol, da marca Volkswagen, foi um dos carros que mais encareceram nos últimos anos. Sendo assim, em 2013, um modelo zero quilômetro deste carro popular custava R$ 20.600,00. Por outro lado, atualmente o Gol zero quilômetro é vendido a partir de R$ 68.500,00, o que representa uma alta de 235,5%.
É importante destacar que a pesquisa da KBB considerou os preços referentes às versões de entrada ano/modelo dos carros a partir do ano de 2013. Sendo assim, modelos como Chevrolet Celta, Ford Ka e Fiesta, que saíram de linha, também estão no levantamento. No entanto, para estes casos, como não existem seus sucessores atualmente foram considerados os modelos mais novos existentes para cada um deles.
Declarações de especialistas
Segundo Paulo Garbossa, consultor do setor automotivo, quando o conceito de carro popular chegou ao Brasil ele era “despojado”. “Os veículos tinham revestimentos da lateral de eucatex, para-choque pintado, ou seja, coisas que se faziam para baratear efetivamente o custo do carro”, explicou.
Sendo assim, na década de 1990 os carros populares não possuíam muitas tecnologias adicionais que atualmente são obrigatórias, como Airbags e freios ABS, que acabam encarecendo os veículos.
“Não tinha uma série de equipamentos que atualmente são obrigatórios em todos os veículos. Hoje todos os carros são carburados, têm injeção eletrônica, todos equipamentos de segurança e multimídia. Isso significa que houve uma obrigação em investir nos veículos por várias razões, como emissões de gases veiculares, dentre outros acordos com as normas vigentes do país”, completou Garbossa.
Por outro lado, para Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da JATO no Brasil, no país nunca existiu o carro popular. Para ele, o termo correto seria “Veículo de entrada”.
“O advento da tecnologia nos veículos de hoje fez com que os custos de produção se elevassem. Além do mais, não podemos nos esquecer no custo Brasil – infraestrutura, logística e custos tributários -, sem contar a alta desvalorização pela qual nossa moeda passou. Todos os fatores juntos e tornou o veículo de entrada inacessível”, afirmou Neto.
A volta do carro popular
As montadoras de veículos no Brasil estão estudando a volta do carro popular. Sendo assim, a iniciativa vem sendo discutida entre as empresas fabricantes de veículos, sendo que o tema também começa a ser avaliado em Brasília.
Desta maneira, o setor automotivo acredita que, caso haja um acordo, seria possível colocar no mercado um carro popular com um preço pelo menos R$ 10 mil mais barato do que atualmente. No entanto, para que haja acordo seria necessário que o governo ofereça incentivos tributários para as empresas.
Por fim, o tema do carro popular está sendo discutido entre os ministros do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e da Fazenda, Fernando Haddad. O assunto está em pauta para que os Ministérios possam incentivar o setor, que vem sofrendo com a queda nas vendas.