De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE-FGV), o preço do café está custando mais caro. Nos últimos 12 meses o tradicional café da manhã brasileiro com café e pão com manteiga acumula uma alta de 9,40%.
Hoje, uma xícara pequena de café com pão na chapa custa em média R$ 5,50 na região central do Rio de Janeiro. Segundo o IBRE, há cerca de um ano esse mesmo café da manhã custava em média R$ 4,90.
Além da alta no preço do café por conta da safra neste ano, diversos outros produtos acabaram encarecendo em função da alta do dólar. O pão foi um dos itens que acabou ficando mais caro por conta da alta de 8,13% no preço da farinha de trigo importada da Argentina.
O levantamento ainda registrou alta de outros itens como o queijo minas que subiu 12,70% e a margarina que teve uma alta de 24,30% nesse período. A IBRE explica que o café da manhã só não acabou pesando mais ainda no bolso dos consumidores brasileiros porque o leite longa vida registrou uma pequena variação de 0,67%.
“Apesar de várias commodities alimentícias aparentarem ter superado a crise climática, sobretudo milho e soja, a transmissão de preços desde o produtor de ração, passando pelo pecuarista até chegar ao consumidor final leva tempo, e uma nova tendência de alta no câmbio pode atrapalhar o preço do pãozinho”, explicou Matheus Peçanha, pesquisador e economista da FGV.
Alta no preço de alimentos básicos
Com a inflação disparada e o preço dos alimentos básicos aumentando a cada dia, o Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), tem afirmado que o problema não é exclusivo do país. “Tá reclamando que está alto aqui? Lá também está. Essa crise é no mundo todo. Não é só no Brasil” disse o líder do executivo comparando o Brasil e os Estados Unidos.
Contudo, um estudo divulgado pela OCDE constatou que a inflação média esperada para 2021 nos países do G20 é de 3,7%. Já no Brasil a previsão é de 7,2%, ficando atrás apenas da Turquia e Argentina.
Entenda os motivos para a alta no preço do café
Segundo especialistas, a principal responsável pelos problemas envolvendo a safra de café neste ano é a seca que o país vem enfrentando. O Brasil tem passado pela pior crise hídrica dos últimos 91 anos.
Além disso, a alta no preço dos combustíveis acaba agravando ainda mais a situação, já que isso acaba prejudicando os produtores com os altos custos de transporte e falta de containers. Desse modo, o preço do café acaba chegando muito mais alto aos consumidores finais.
A crise hídrica brasileira deve acabar afetando todo o mundo, já que o Brasil é atualmente o maior produtor e exportador de café do planeta. “A crise desse ano é histórica na cafeicultura, nunca vimos algo parecido antes”, disse Eduardo Carvalhaes, analista referência no mercado de café.
“Nós temos seca prolongada, geadas e pela primeira vez durante uma crise, não temos estoque governamental e pouco café na mão do produtor. E tudo isso acontece em meio a um problema climático que atinge todos os países produtores e o impasse logístico que parece estar longe do fim”, complementou Carvalhaes sobre a alta no preço do café.