O ano de 2024 não começou muito fácil para as famílias do Brasil. Isso porque o preço da cesta básica subiu em 16 das 17 capitais pesquisadas em janeiro pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O resultado é bastante negativo para os brasileiros, já que quase todos os locais tiveram valores mais elevados que em dezembro do ano passado.
Os maiores avanços foram registrados em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília e Goiânia, mas os valores também subiram em outros 12 locais, para tristeza dos consumidores. O único local que registrou queda nos preços, aliviando um pouco o bolso dos brasileiros, foi Fortaleza.
Confira as variações em todos os locais pesquisados em janeiro:
Unidade Federativa | Variação |
Belo Horizonte | 10,43% |
Rio de Janeiro | 7,20% |
Brasília | 6,27% |
Goiânia | 6,18% |
Salvador | 5,79% |
Campo Grande | 5,60% |
Florianópolis | 5,51% |
Vitória | 4,42% |
São Paulo | 4,25% |
Curitiba | 4,16% |
Natal | 3,53% |
João Pessoa | 3,22% |
Porto Alegre | 3,21% |
Recife | 2,31% |
Aracaju | 2,17% |
Belém | 1,76% |
Fortaleza | -1,91% |
Cesta básica mais cara do país
Com o acréscimo das variações de janeiro, a cesta básica de Florianópolis voltou a ser a mais cara do país. Em síntese, os moradores da capital catarinense tiveram que desembolsar R$ 800,31 no mês passado para adquirir uma cesta básica na região.
Esse valor correspondeu a 56,7% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.412). Assim, o trabalhador que recebia o piso nacional no mês passado, e morava em Florianópolis, gastou mais da metade do seu salário para adquirir uma cesta básica.
Por esta razão, milhares de pessoas são obrigadas a reduzirem os custos com as demais despesas. Como sobra pouco do salário para que os consumidores utilizem em outra coisa, não tem como aumentar o consumo. Inclusive, muitos itens e serviços importantes se encaixam nessa “sobra”, como contas de luz e água, aluguel, prestação de casa e carnês de loja.
A última vez que Florianópolis teve a cesta básica mais cara do país foi em setembro, ou seja, há quatro meses. De lá para cá, Porto Alegre assumiu a liderança nos meses de outubro e dezembro, enquanto São Paulo teve a cesta mais cara em novembro.
Salário mínimo ideal surpreende
O Dieese não revelou apenas a variação nos preços da cesta básica em janeiro. A entidade também estimou qual seria o salário mínimo ideal do Brasil. Para isso, levou em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês passado, que foi a de Florianópolis.
Nesse caso, o piso salarial deveria ter sido de R$ 6.723,41 em janeiro, valor 4,76 vezes maior que o salário mínimo vigente no país. Em janeiro de 2023, o mínimo necessário deveria ter sido de R$ 6.641,58, valor 5,10 vezes superior ao piso que vigorava na época (R$ 1.320).
A pesquisa também mostrou que para um trabalhador atuante em Florianópolis conseguisse adquirir produtos da cesta básica foi necessário um tempo médio laboral de 124 horas e 41 minutos em janeiro.
Embora a média nacional também tenha ficado bastante elevada no mês passado, não chegou ao mesmo patamar que o de Florianópolis. Segundo o Dieese, o tempo a ser trabalhado no país para adquirir uma cesta básica em janeiro foi de 106 horas e 30 minutos, tempo inferior ao de dezembro (109 horas e 03 minutos) devido ao novo valor do salário mínimo.
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Ainda vale destacar que o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Dessa forma, conseguiu chegar a um valor bastante aproximado do necessário para as pessoas terem uma vida digna no país.
Descubra qual capital teve a cesta básica mais barata
Ainda considerando o levantamento do Dieese, confira quais foram os locais que apresentaram os menores valores do país em relação à cesta básica de janeiro, ficando bem abaixo do observado em Florianópolis:
Unidade Federativa | Preço da Cesta Básica |
Florianópolis | R$ 800,31 |
São Paulo | R$ 793,39 |
Rio de Janeiro | R$ 791,77 |
Porto Alegre | R$ 791,16 |
Brasília | R$ 742,52 |
Campo Grande | R$ 736,76 |
Curitiba | R$ 726,23 |
Belo Horizonte | R$ 724,73 |
Vitória | R$ 719,30 |
Goiânia | R$ 710,70 |
Belém | R$ 656,78 |
Fortaleza | R$ 618,32 |
Salvador | R$ 593,26 |
Natal | R$ 575,71 |
João Pessoa | R$ 559,77 |
Recife | R$ 550,51 |
Aracaju | R$ 528,48 |
Em síntese, Aracaju teve a cesta básica mais barata do país em janeiro, assim como aconteceu nos últimos meses. Na capital, o valor dos alimentos básicos comprometeu 37,4% do salário mínimo, taxa bem menor que a de Florianópolis, mas ainda bastante elevada. Aliás, essa não foi a única diferença entre estes locais.
Quem estava morando em Aracaju em janeiro precisou trabalhar 82 horas e 20 minutos para adquirir uma cesta básica. A saber, em Florianópolis, a pessoa precisou trabalhar mais de 42 horas a mais para comprar os mesmos produtos no mês, em relação a Aracaju.
Por fim, caso a cesta básica de Aracaju fosse a mais cara do país, sendo utilizada pelo Dieese para determinar o salário mínimo ideal, os brasileiros deveriam ter um piso de R$ 4.439,76, valor 34% menor que o mínimo ideal em comparação à cesta de Florianópolis.