De acordo com dados do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), construir casas no Brasil vem se tornando cada vez mais caro, sendo esse um grande desafio para a população. Segundo a pesquisa, os custos para construção ficaram quase 50% mais alto nos últimos cinco anos.
Assim, ao analisar o período de 2016 para o fim de 2021, o valor médio do metro quadrado de uma construção subiu 47,43%, indo de R$ 1.027,30 para R$ 1.514,52. No mesmo período, a inflação acumulada foi de 28,15%. A pesquisa para analisar o valor para a construir casas levou em consideração os valores com mão de obra e material. Não entram na conta gastos com terrenos, projetos e licenças, entre outros.
Além disso, o Índice Nacional de Custo da Construção – Mercado (INCC-M) também identificou um aumento de cerca de 0,30% em dezembro, desacelerando em relação a novembro, quando o indicador aumentou 0,71%. Ao se considerar o acúmulo do custo para construção obtido durante o ano, o aumento foi de 14,03%, bem acima do verificado em 2020, quando o indicador fechou o ano com alta de 8,66%.
Para realizar a pesquisa, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), analisou o índice Sinapi separado por dois componentes: mão de obra e material. No caso da mão de obra, o seu custo subiu 21,84% nos últimos cinco anos, abaixo da inflação de 28,15%. Teve também como destaque o aumento da refeição pronta no local de trabalho, que passou de 0,49% para 1,97% em dezembro. Neste mês, a mão de obra variou 0,10%, após subir 0,28% em novembro.
Por outro lado, a despesa com material disparou 71,32% desde 2016, cerca de duas vezes e meia a inflação do período. De acordo com a economista Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), de São Paulo, a pressão de preços foi maior durante a pandemia.
Deste modo, o custo da mão de obra subiu 9,27% em dois anos, enquanto o de materiais de construção avançou 50,26%, conforme o Sinapi. Ficou nítido o aumento significativo nos preços de material de construção, principalmente nesses dois últimos anos, tornando realmente mais caro para o brasileiro construir.
“Em 2020 e 2021, esse efeito foi em parte mitigado pelas taxas de juros, que ficaram mais baixas. Isso permitiu que as famílias financiassem a aquisição de material e suas construções. A questão é que, daqui para frente, não vamos ter mais esta situação de juros baixos”, informou a coordenadora.
De acordo com Castelo, “Houve uma quebra das cadeias globais de suprimentos durante a pandemia, o que interrompeu a produção de muitos materiais. E a demanda por material de construção começou a crescer”. Deste modo, a economista que, durante a pandemia, os preços dos metais utilizados como matéria-prima subiram em todo o mundo, em meio às dificuldades de produção e à alta procura em vários países.
Este foi um dos principais fatores que impactou os preços de insumos importantes para a construção civil, como o aço, encarecendo os vergalhões e os tubos de ferro. Além disso, as cerâmicas, produzidas em grande parte no Brasil, não ficaram fora disso. As fábricas de cerâmicas também foram afetadas, em meio ao desligamento de fornos industriais.
Por fim, outro fator que acarretou na dificuldade para construir casas foi a alta do dólar, detalhe este que aumentou o custo dos produtos importados para o país. Por um outro lado, como uma forma de diminuir os gastos, a população brasileira passou a fazer mais reformas durante a pandemia, informou o vice-presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Carlito Lira.