A caderneta de poupança teve uma retirada líquida de R$ 20,148 bilhões em janeiro de 2024. Isso quer dizer que a quantidade de saques superou de maneira significativa as captações da caderneta no primeiro mês deste ano.
Em janeiro, os depósitos somaram R$ 332,266 bilhões, enquanto os saques totalizaram R$ 352,415 bilhões. Ao subtrair estes valores, o saldo da poupança ficou negativo, como vem acontecendo nos últimos meses.
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Embora a retirada líquida observada em janeiro tenha sido muito expressiva, os saques líquidos registrados em janeiro de 2023 foram ainda maiores (R$ 33,63 bilhões). A propósito, os valores são nominais, ou seja, não há atualização pela inflação, mas apenas a divulgação dos números referentes aos depósitos e saques.
Entenda a saída líquida da poupança no início do ano
O BC explicou que os saques líquidos da poupança nos primeiros meses do ano ocorrem devido ao aumento de despesas tradicionais, como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Além disso, as famílias brasileiras também costumam gastar com matrícula e material escolar nos primeiros meses do ano. Isso quer dizer que o mês de fevereiro também poderá ter um resultado negativo, visto que o período ainda pode ficar marcado por pagamento de compras parceladas do final do ano passado ou de viagens de férias.
Tudo isso ajuda a impulsionar os saques da caderneta, visto que as pessoas buscam recursos para honrar os compromissos que possuem. Com isso, há uma redução expressiva dos depósitos na caderneta, o que explica a saída líquida recorde no início deste ano.
Com o acréscimo do resultado de janeiro, o volume total aplicado na poupança caiu para R$ 968,071 bilhões. Em síntese, a baixa rentabilidade da caderneta também ajuda a explicar a retirada líquida observada em janeiro deste ano.
Cenário atual do Brasil
Os resultados de janeiro refletem o cenário atual do Brasil. Segundo o BC, o endividamento das famílias com bancos chegou a 48,2% em novembro do ano passado, no acumulado dos últimos 12 meses. A taxa ficou 1,2 pontos percentuais abaixo do nível registrado no mesmo mês de 2022.
Além disso, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelou que 77,8% da população estava endividada no país em 2023.
Por sua vez, a taxa de inadimplência atingiu 29,5% das famílias do país no ano passado. Em suma, há alguns fatores que propiciam o aumento da inadimplência entre os consumidores, como manter mais de um cartão de crédito e não se atentar à própria saúde financeira e às datas de pagamento das contas.
Diante desse cenário, muita gente acaba sacando o dinheiro que tem guardado na poupança para pagar contas e se livrar das dívidas, ou pelo menos reduzi-las.
Ao mesmo tempo, a elevada taxa de juros no país também ajuda a aumentar os saques da poupança. Embora a taxa de juros ainda esteja alta, os recentes cortes estão reduzindo o rendimento da caderneta. A redução da taxa Selic faz outros investimentos oferecerem retornos bem mais interessantes, o que atrai muitas pessoas, que retiram o dinheiro da poupança e o aplicam em outros fundos.
Retiradas da poupança estão mais comuns
O ano de 2023 ficou marcado pelos saques expressivos na poupança. Os brasileiros não estavam dispostos a deixar seu dinheiro na caderneta e, entre janeiro e dezembro, a retirada líquida somou R$ 87,819 bilhões.
Vale destacar que 2023 foi o terceiro ano seguido cujos saques superaram os depósitos na caderneta. A última vez que ocorreu o contrário e as pessoas alocaram mais dinheiro na poupança do que retiraram foi em 2020, ano da pandemia da Covid-19.
Esse resultado mostra que a quantidade de saques superou de maneira significativa as captações da caderneta em 2023. Entretanto, vale destacar que, apesar do volume expressivo, o resultado reflete uma leve melhora em relação a 2022.
Em suma, a retirada líquida da caderneta de poupança chegou a impressionante marca de R$ 103,237 bilhões em 2022, maior volume de saques anuais da série histórica do BC, que teve início em 1995.
Confira abaixo os resultados líquidos dos últimos anos da caderneta de poupança:
- 2023: Saques de R$ 87,819 bilhões;
- 2022: Saques de R$ 103,237 bilhões;
- 2021: Saques de R$ 35,496 bilhões;
- 2020: Depósitos de R$ 166,309 bilhões;
- 2019: Depósitos de R$ 13,327 bilhões;
- 2018: Depósitos de R$ 38,260 bilhões;
- 2017: Depósitos de R$ 17,126 bilhões;
- 2016: Saques de R$ 40,701 bilhões;
- 2015: Saques de R$ 53,567 bilhões.
Nos últimos nove anos, os depósitos superaram os saques em quatro ocasiões, entre 2017 e 2020. No entanto, nos demais anos, os saques predominaram, superando significativamente o volume financeiro alocado na caderneta de poupança.