A caderneta de poupança teve uma entrada líquida de R$ 12,755 bilhões em junho deste ano. Isso quer dizer que a quantidade de depósitos na caderneta superou de maneira significativa as retiradas no mês passado.
Em junho, os depósitos somaram R$ 348 bilhões, enquanto os saques totalizaram R$ 335,6 bilhões. Ao subtrair estes valores, o saldo da poupança ficou positivo, diferentemente do que vem acontecendo nos últimos meses, com as retiradas superando os depósitos.
Aliás, a entrada de recursos na caderneta de poupança em junho foi a maior para um mês fechado desde dezembro do ano passado. À época, os depósitos superaram as retiradas em R$ 13,77 bilhões.
Veja abaixo a trajetória do saldo da caderneta nos últimos meses:
- Janeiro: retirada de R$ 20,148 bilhões;
- Fevereiro: retirada de R$ 3,823 bilhões;
- Março: captação de R$ 1,339 bilhão;
- Abril: retirada de R$ 1,141 bilhão.
- Maio: captação de R$ 8,227 bilhões.
- Junho: captação de R$ 12,775 bilhões.
Embora a retirada líquida observada em janeiro tenha sido muito expressiva, os saques líquidos registrados em janeiro de 2023 foram ainda maiores (R$ 33,63 bilhões). A propósito, os valores são nominais, ou seja, não há atualização pela inflação, mas apenas a divulgação dos números referentes aos depósitos e saques.
Saques chegam a R$ 2,79 bilhões em 2024
Com o acréscimo do resultado de junho, a retirada líquida da poupança acumulada em 2024 chegou a R$ 2,792 bilhões. Embora os números estejam bastante negativos, refletindo a fuga dos brasileiros da caderneta, que já deixou de ser sinônimo de rentabilidade, o resultado está bem melhor do que no início do ano.
Em suma, a caderneta acumulava uma retirada de R$ 23,775 bilhões entre janeiro e abril de 2024. Contudo, os resultados positivos de maio e junho, que registraram mais captações do que resgates, diminuíram em mais de oito vezes o volume retirado da poupança neste ano.
Cabe salientar que os valores apresentados são nominais, ou seja, não há atualização pela inflação, mas apenas a divulgação dos números referentes aos depósitos e saques, segundo o Banco Central, que é responsável pela divulgação dos dados.
Entenda a saída líquida da poupança no início do ano
Os saques líquidos da poupança nos primeiros meses do ano ocorrem devido ao aumento de despesas tradicionais, como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Além disso, as famílias brasileiras também costumam gastar com matrícula e material escolar nos primeiros meses do ano. Isso quer dizer que o mês de fevereiro também poderá ter um resultado negativo, visto que o período ainda pode ficar marcado por pagamento de compras parceladas do final do ano passado ou de viagens de férias.
Tudo isso ajuda a impulsionar os saques da caderneta, visto que as pessoas buscam recursos para honrar os compromissos que possuem. Com isso, há uma redução expressiva dos depósitos na caderneta, o que explica a saída líquida no início deste ano.
Com o acréscimo do resultado de abril, o volume total aplicado na poupança somou R$ 979,82 bilhões. Em síntese, a baixa rentabilidade da caderneta também ajuda a explicar a retirada líquida observada em 2024.
Cenário atual do Brasil
Os resultados de maio e junho refletiram o cenário atual do Brasil. Em síntese, o aumento das captações pela caderneta de poupança coincidiu com a antecipação da primeira e da segunda parcelas do décimo terceiro de aposentados e pensionistas do INSS.
Em meados de março, o Governo Federal informou que iria antecipar o pagamento do 13º salário de 2024. Isso também aconteceu em 2023, e o governo Lula decidiu mais uma vez realizar os repasses antes do previsto, para alegria dos aposentados e pensionistas da Previdência Social.
Em suma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou um decreto antecipando o pagamento do abono anual. O texto foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) no dia 13 de março, confirmando os pagamentos antes do prazo. Por isso, os milhões de beneficiários da previdência receberam as parcelas do 13º bem antes do esperado.
Por falar nisso, o pagamento do 13º salário do INSS tradicionalmente ocorre no segundo semestre de cada ano. A 1ª parcela costuma ser paga em agosto e setembro, enquanto a 2ª cai nas contas dos beneficiários nos meses de novembro e dezembro. Entretanto, o governo pagou o benefício entre abril e junho, e boa parte dos valores caíram diretamente na conta dos beneficiários.