A poupança, aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros, registrou o segundo mês seguido de retiradas. Nesse mês de setembro, foram retirados R$ 7,72 bilhões a mais do que depositado na caderneta, segundo Banco Central (BC). Retiradas são possivelmente devidas à alta na inflação e a proximidade do fim do Auxílio Emergencial.
Nesse contexto, essa foi a maior retirada líquida da poupança registrada no mês de setembro desde o início da série histórica, em 1995. Já na comparação mês a mês deste ano, a retirada foi a maior desde janeiro, mês em que os saques haviam superado o depósito em R$ 18,15 bilhões.
Nos nove primeiros meses do ano, a poupança vem acumulando a retirada líquida de R$ 23,35 bilhões. Sendo assim, essa é a maior retirada acumulada da caderneta no período desde 2016, quando os saques haviam superado os depósitos em R$ 50,54 bilhões.
No ano de 2020, a poupança tinha captado R$ 166,31 bilhões em recursos, o maior valor anual da série histórica. A grande captação é devido aos depósitos do Auxílio Emergencial nas contas poupança digitais da Caixa ao longo de oito meses e a instabilidade do mercado de títulos nas fases mais agudas da pandemia de covid-19. O interesse na caderneta se tornou alto, mesmo a aplicação rendendo menos que a inflação.
Rendimento da poupança
Segundo o Banco Central, a poupança rendeu apenas 2,02% nos 12 meses terminados em setembro. A caderneta conta com o rendimento de 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia). No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado prévia da inflação, atingiu 10,59%.
Mesmo com o rendimento maior nos últimos meses, a poupança continua bastante abaixo da inflação, devido a dois fatores. O primeiro dos fatores são os juros reais negativos (abaixo da inflação), com a taxa Selic em 6,25% ao ano. Já o segundo fator foi a alta nos preços dos alimentos, dos combustíveis, da energia elétrica e do dólar, que não têm previsão de aliviar a inflação no segundo semestre.
Para esse ano, o boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, prevê inflação oficial de 8,51% pelo IPCA. Sendo assim, com a atual fórmula da caderneta, caso a Selic rendesse 6,25% durante todo o ano, a poupança renderia pouco menos de 4,365% neste ano. Dessa maneira, o IPCA cheio de setembro será divulgado na próxima sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Volume total da caderneta
Com a saída líquida dos recursos da poupança no mês de setembro, o estoque dos valores depositados teve queda no mês. Nesse sentido, em dezembro de 2020, o saldo da caderneta de aplicações estava em R$ 1,035 trilhão, passando para R$ 1,036 trilhão em agosto deste ano e, agora, caiu para R$ 1,031 trilhão em setembro.
Além dos depósitos e dos saques, os rendimentos creditados nas contas dos poupadores brasileiros também são contabilizados no estoque da poupança. Desse modo, em setembro deste ano, os rendimentos somaram R$ 3,084 bilhões.