Português: O que é Eufemismo? - Notícias Concursos

Português: O que é Eufemismo?

Eufemismo é uma figura de linguagem usada tanto na forma oral como escrita com o intuito de amenizar algumas palavras ou expressões que poderiam soar de maneira desagradável, porém sem alterar o sentido da mensagem que se deseja passar.

Um exemplo ocorre muitas vezes ao dar a notícia sobre a morte de alguém. Utilizam-se frases como “ele foi para os braços do Senhor” ou “ele entregou a alma a Deus”, em vez de dizer diretamente que a pessoa faleceu, o que poderia demonstrar frieza e causar mais sofrimento ao ouvinte.

O termo eu eufemismo tem origem grega “euphémein” e significa “pronunciar palavras agradáveis”. Esse recurso linguístico é usado tanto na comunicação informal, como nos textos literários, poesias e músicas.

Formas de utilização

Algumas situações podem levar ao uso do eufemismo com o intuito de causar menos impacto ou evitar atitudes negativas da parte de quem ouve, por exemplo:

  • Para tratar de temas polêmicos, como política, futebol e religião;
  • Para abordar questões sociais, como pobreza, violação dos direitos humanos, estupro, violência;
  • Para se referir as situações tristes, como morte, doença ou separações;
  • Para falar sobre assuntos que são tabus na sociedade, como sexo e drogas, entre outros.

Eufemismo no dia a dia

Muitas vezes utiliza-se do eufemismo no cotidiano sem que se perceba. Uma mãe pode se referir a uma deficiência do filho de forma a não magoá-lo ou um professor pode falar sobre a dificuldade de um aluno em assimilar o assunto de maneira cuidadosa sem recriminá-lo. Veja alguns exemplos com o sentido real entre parênteses:

  • Sua amiga está muito cheinha. (Gorda)
  • Meu instrutor de matemática é de cor. (Negro)
  • Aquela família está carenciada. (Pobre)
  • Tenho uma senhora que me ajuda na limpeza da casa. (Empregada)
  • Sua mulher deu à luz ontem. (Pariu)
  • Aquele aluno é desprovido de inteligência. (Burro)
  • Hoje é dia de beber água que passarinho não bebe. (Bebida alcoólica)
  • Maria já é mocinha. (Menstrua)
  • Ela está omitindo a verdade. (Mentiu)
  • Após tanto sofrimento, finalmente entregou a alma a Deus. (Morreu).
  • Seu tio ficou rico por meios ilícitos. (De maneira ilegal)
  • O governo procederá ao reajuste de taxas. (Aumento)

 Eufemismo na poesia

Também é comum perceber o uso do eufemismo em poesias, quando o autor aborda questões sentimentais ou dolorosas de uma maneira delicada, de forma a dar mais expressividade ao texto. Observe os exemplos:

“Quando a Indesejada das gentes chegar

(Não sei se dura ou caroável),

talvez eu tenha medo.

Talvez sorria, ou diga:

– Alô, iniludível!

O meu dia foi bom, pode a noite descer.

(A noite com os seus sortilégios.)

Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,

A mesa posta,

Com cada coisa em seu lugar.”

(Manuel Bandeira)

Nesse exemplo, o autor se refere à morte de uma maneira indireta, cuidadosa, por meio da expressão “indesejada das gentes”.

 “Alma […], que te partiste

Tão cedo desta vida …

Repousa lá no Céu …

E viva eu cá na Terra sempre triste.”

(Luís de Camões- Soneto)

Também nesse caso Camões faz referência a alguém que morreu, utilizando-se de palavras que retratam de maneira delicada a dor da morte.

Mais alguns exemplos:

“Verdades que esqueceram de acontecer” (em lugar de mentira)

(Mário Quintana)

“…Para o porto de Lúcifer.” (Em vez de inferno)

(Gil Vicente)

“Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim… Descolorirá”. (Vinicius de Moraes)

“(…) até que um dia deste o grande mergulho nas trevas (…)”

(Machado de Assis)

Eufemismo na música

Também é possível identificar o eufemismo em diversas composições, utilizadas muitas vezes para dar uma leveza ou expressividade às canções. Veja esse exemplo da música interpretada pelo cantor Michel Teló, “Fugidinha”.

 “O jeito é dar uma fugidinha com você

O jeito é dar uma fugida com você.

Se você quer saber o que vai acontecer

Primeiro a gente foge, depois a gente vê.”

(Fugidinha – Michel Teló)

É possível perceber que ao falar “fugidinha” ele refere-se, de maneira suave, a uma traição. Outro exemplo é a música de Chico Buarque, “Mulheres de Atenas, que possui expressões que amenizam o seu real significado.

“Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas

Sofrem pros seus maridos

Poder e força de Atenas

Quando eles se entopem de vinho (ficam bêbados, embriagados)

Costumam buscar um carinho

De outras falenas… (De outras mulheres, prostitutas)

Mas no fim da noite, aos pedaços (sujos, desvirtuados)

Quase sempre voltam pros braços

De suas pequenas, Helenas.”

Nesse trecho, “quando se entopem de vinho” quer dizer bêbados ou embriagados e “de outras falenas”, refere-se as prostitutas ou outras mulheres.

Eufemismo e figuras de linguagem no Enem

Figuras de linguagem é um dos assuntos que costumam cair com frequência no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Além do eufemismo, deve-se revisar as principais características das principais, que são:

Metáfora: quando um termo é empregado com o intuito de dar um significado diferente do habitual, com uma relação de similaridade.

Ex: Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar algum.

Antítese: quando dois termos de sentidos opostos são usados em uma mesma frase.

Ex: Um misto de alegria e tristeza tomou conta de Jonas.

Hipérbole: ampliação em exagero de uma ideia;

Ex: Já disse isso a você um milhão de vezes!

Metonímia: quando um termo é substituído por outro com o mesmo sentido;

Ex: Sei que ela adora Paulo Coelho. (Autor pela obra)

Paradoxo: declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição.

Ex: Estou cego e vejo.

Comparação: é a relação de similaridade entre dois ou mais termos.

Ex: Amou como se fosse máquina.

Sinestesia: combinação e mistura de sensações percebidas pelos órgãos do sentido.

Ex: Gosto quando mamãe canta. Ela tem uma voz macia e doce.

Personificação ou prosopopeia: utilizada para dar qualidade essencialmente humanas a seres inanimados.

Ex: O Sol amanheceu triste e escondido hoje.

Silepse: estabelece concordância com um termo oculto na frase que é subentendido.

Ex: “Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins públicos.” (Machado de Assis) (termo oculto – nós)

Pleonasmo: redundância ou repetição de um termo que expressa o mesmo significado na oração.

Ex: “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.” (Fernando Pessoa)

Ironia: é o emprego de uma palavra que quer dizer o oposto do que realmente se deseja expressar.

Ex: Aquele menino dela é um santo. Só derrubou minha coleção de discos de vinil três vezes.

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